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terça-feira, 16 de novembro de 2010

''Não voaste alto bastante: agora as sepulturas gaguejam: « Libertai os mortos! Porque é que a noite é tão longa? Não nos embriaga o luar?»''



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 267

Os Sete Selos

(Ou: A canção do Sim e Ámen)

1

Se sou profeta e cheio do espírito profético que vagueia sobre alta crista entre dois mares, -
entre passado e futuro como nuvem pesada, - hostil a planuras abafadas e a tudo o que é cansado e não sabe viver nem morrer:
nuvem pronta ao relâmpago em seu seio escuro e ao raio libertador, prenhe de relâmpagos que dizem: sim!, que riem: sim! aos raios proféticos:
- feliz quem assim está prenhe! E em verdade, longo tempo tem de ficar suspenso no flanco do monte como pesada tempestade quem tenha um dia de acender a luz do futuro! -
Oh, como não havia eu de arder de desejo pela Eternidade e pelo anel dos anéis - o anel de núpcias do Retorno!
Inda nunca encontrei a mulher de quem gostasse de ter filhos, a não ser esta mulher que eu amo: porque eu amo-te, ó Eternidade!
Porque eu amo-te, ó Eternidade!



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 249

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

«Inexpressa e não-liberta me ficou a minha mais alta esperança! E morreram-me todas as visões e consolações da minha juventude!
Como pude eu suportar isto? Como superei e venci tais feridas? Como foi que a minha alma ressurgiu destes túmulos?
Sim, há em mim algo de invulnerável, de insusceptível de inumação, capaz de rebentar fragas; é a minha Vontade. Em silêncio e imutável ela avança através dos anos.
Quer seguir o seu caminho pelos meus pés, a minha velha Vontade; o seu ânimo é duro de coração e invulnerável.
Invulnerável só eu sou no calcanhar. Continuas a viver e a ser igual a ti mesma, ó pacientíssima  Vontade!
Continuas a irromper de todas as sepulturas!»



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 245

domingo, 14 de novembro de 2010

«Outro dia olhei pra os teus olhos, ó Vida! E pareceu-me que me afundava no insondável.
Mas tu pescaste-me cá pra fora como um anzol de ouro; riste escarninha, quando eu te chamei insondável.
«É o que dizem todos os peixes», disseste tu; « o que eles não podem sondar, é insondável».
Mas eu sou apenas mutável e bravia, e em tudo mulher, e nada virtuosa.
Embora vós homens me chameis «profunda» ou «fiel», ou «eterna», ou «misteriosa».
Mas vós, homens, presenteais sempre com as vossas próprias virtudes, ó virtuosos!»
Assim se ria ela, a incrível; mas eu nunca creio nela nem no seu riso quando diz mal de si mesma.
E quando um dia eu estava a falar a sós com a minha brava Sabedoria, disse-me ela, colérica: «Tu queres, tu desejas, tu amas, e é só por isso que tu louvas a Vida!»



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 233
«Por certo sou eu uma floresta e uma noite de árvores escuras: mas, quem não tiver medo da minha escuridão, encontrará também roseirais sob os meus ciprestres.»


F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 231
«É esta a minha pobreza: nunca a minha mão descansar de dar; é esta a minha inveja: ver olhos à espera e as noites iluminadas de saudade.

(...)

Quem sempre dá, corre o risco de perder o pudor; quem sempre reparte, as mãos e o coração lhe criam calos de tanto repartir.»



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 227
«Voltais as costas? - Ó coração, já basta do teu fardo,
Forte ficou a tua esperança:
Conserva as portas abertas para novos amigos!
Deixa os velhos! Deixa a recordação!
Foste jovem outrora? Agora - és jovem de melhor
[ maneira!


F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 217

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

«Teu coração que palpita
A sangrar, esconde-o, louco! em escárnio e gelo!»


F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 209
«Quem sofreu a perda amarga
Que tu sofreste, não lhe param os passos cansados!»


F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 209

O mais solitário

Agora que o dia
Se cansou do dia, e os arroios de toda a saudade
Murmuram novo conforto,
E todos os céus, pendentes de teias de aranha de ouro,
Dizem a todo o cansado: « Repousa!» -
Por que é que não descansas, coração escuro?
Que espinho te agrilhoa a fugir de pés em chaga?...
Por quem esperas?



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 205
«As nuvens estão muito perto de mim, -
estou à espera do primeiro raio.»


Poema: O pinheiro e o raio



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 193

Quem um dia há-de ter muito a proclamar...

Quem um dia há-de ter muito a proclamar,
tem de calar muita coisa dentro de si.
Quem um dia quiser acender um relâmpago,
tem de por muito tempo - ser só nuvem.



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 191

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Juízos dos cansados

Todos os fatigados praguejam contra o Sol;
O valor das árvores para eles é - sombra!


F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 145

Almas estreitas

São-me odiosas as almas estreitas:
De nada bom, quase de nada mau são feitas.



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 135

Sentença do violento

Nunca peças! Deixa essa lamúria!
Toma - peço-te! - toma sempre!


F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 133

PRA O ALTO

«Qual o melhor modo de subir a este monte?»
Sobe sempre, e não penses nisso.



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 133

domingo, 7 de novembro de 2010

Intrépido

Onde estiveres, cava fundo!
Lá em baixo é que está a fonte!
Deixa gritar os homens escuros:
«Sempre é lá baixo - o inferno!»



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 125

119

Tortos andam os grandes homens e os rios,
tortos, mas para o seu destino:
é essa a sua melhor coragem,
não têm medo dos caminhos tortos.



F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 117

103

O poeta que é capaz de mentir
ciente e voluntariamente,
é o único que pode falar verdade.


Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 109

82

És frágil?
Cautela com mãos de criança?
A criança não sabe viver
sem quebrar qualquer coisa...



Fragmentos de Ditirambos Dionisíacos (Canções de Zaratustra)




F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 99
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