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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Troianos

São nossos esforços, os dos infortunados;
são nossos esforços como os dos troianos.
Conseguimos um pouco; um pouco
levantamos a cabeça; e começamos
a ter coragem e boas esperanças.

Mas sempre surge alguma coisa que nos pára.
Aquiles junto do fosso à nossa frente
surge e com grandes gritos assusta-nos. -

São nossos esforços como os dos troianos.
Cuidamos que mudaremos com resolução
e valor a contrariedade da sorte,
e estamos cá fora para lutar.

Mas quando vier o momento decisivo,
o nosso valor e a nossa resolução perdem-se;
a nossa alma fica alterada, paralisa;
e em redor das muralhas corremos
à procura de nos salvarmos pela fuga.

Porém a nossa queda é certa. Em cima,
nas muralhas já começou o pranto.
Choram pelas memórias e os sentimentos dos nossos dias.
Amargamente choram por nós Príamo e Hécuba.



Konstandinos Kavafis. Poemas e prosas. Tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis. Relógio D'Água. Lisboa, 1994., p. 33

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

«O que George Seferis, o primeiro crítico grego de Kaváfis verdadeiramente atento, achava singular nele era que ninguém poderia ter previsto, com base nos seus trabalhos iniciais, que tinha talento suficiente para ser considerado, no devido tempo, um poeta de conteúdo, ou mesmo o mais importante poeta de língua grega do século XX, sendo sua obra mundialmente traduzida.»


Edmund Keeley. O essencial de Kaváfis (fragmentos)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Para que venham

Uma vela, mais não. A sua luz ténue
é mais adequada, mais brando te assombras
quando vierem do Amor, quando vierem as Sombras.

Uma vela, mais não. Para não ter hoje à noite
a alcova grande iluminação. Dentro do enleio inteiro
e da sugestão, e com a pouca luz -
assim no enleio hei-de ter visões
para que venham do Amor, para que venham as Sombras.


Konstandinos Kavafis
in Poemas e Prosas
Relógio d´Água, 1994
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães
e Nikos Pratsinis

Teatro de Sídon (400 d.C.)

Filho de cidadão íntegro - sobretudo, formoso
adolescente de teatro, apreciado de vários modos,
às vezes componho em língua grega
versos assaz audaciosos, que faço circular
muito às escondidas, claro - deuses! para que não os vejam
os vestidos de pardo, os parlantes de moral -
versos do prazer excelente, encaminhado
para amor estéril e desaprovado.


Konstandinos Kavafis
in Poemas e Prosas
Relógio d´Água, 1994
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães
e Nikos Pratsinis
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