Mostrar mensagens com a etiqueta António Machado. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta António Machado. Mostrar todas as mensagens
domingo, 8 de dezembro de 2013
XXIX
Arde em teus olhos um mistério, virgem
esquiva e companheira.
Não sei se é ódio ou é amor o lume
inesgotável da tua aljava negra.
Comigo irás enquanto sombra der
meu corpo e a minhas sandálias reste areia.
-És a sede ou a água em meu caminho?
Diz-me, virgem esquiva e companheira.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 37
esquiva e companheira.
Não sei se é ódio ou é amor o lume
inesgotável da tua aljava negra.
Comigo irás enquanto sombra der
meu corpo e a minhas sandálias reste areia.
-És a sede ou a água em meu caminho?
Diz-me, virgem esquiva e companheira.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 37
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
«Oh, angústia! Pesa e dói o coração...É ela?»
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 27
XIV
«Cante Hondo»
Eu meditava absorto, enovelando
os fios do tédio e da tristeza,
quando chegou aos meus ouvidos,
pela janela do meu quarto, aberta
a uma ardente noite de Verão,
o carpir de uma copla sonolenta,
quebrada pelos trémulos sombrios
das músicas que há na minha terra.
...E era o Amor, como uma rubra chama...
-Nervosa mão sobre umas cordas tensas
punha um moroso suspirar dourado,
que se tornava num jorrar de estrelas -.
...E era a Morte, de gadanha ao ombro,
passos rasgados, turva e esquelética.
-Tal como em menino eu a sonhava -.
E na guitarra, ressoante e trémula,
a brusca mão, ao dedilhar, fingia
o pousar de um ataúde em terra.
E era um pranto solitário o sopro
que lança a cinza ao vento e o pó dispersa.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 25
Eu meditava absorto, enovelando
os fios do tédio e da tristeza,
quando chegou aos meus ouvidos,
pela janela do meu quarto, aberta
a uma ardente noite de Verão,
o carpir de uma copla sonolenta,
quebrada pelos trémulos sombrios
das músicas que há na minha terra.
...E era o Amor, como uma rubra chama...
-Nervosa mão sobre umas cordas tensas
punha um moroso suspirar dourado,
que se tornava num jorrar de estrelas -.
...E era a Morte, de gadanha ao ombro,
passos rasgados, turva e esquelética.
-Tal como em menino eu a sonhava -.
E na guitarra, ressoante e trémula,
a brusca mão, ao dedilhar, fingia
o pousar de um ataúde em terra.
E era um pranto solitário o sopro
que lança a cinza ao vento e o pó dispersa.
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999., p. 25
«Assim, ela e o amor que se lhe dedica não são mais do que uma projecção da fantasia, e do sonho: ama-se o que não existe, o que existe somente na fantasia, no sonho, afinal no desespero. Enganadores? Como Leonor foi longamente amada, e procurada e encontrada depois de não ser, Guiomar será amada antes de ser, e na verdade não será nunca. «Todo o amor é fantasia; /ele inventa o ano, o dia, /a hora e sua melodia; /inventa o amante e, mais, / a amada. Não prova nada, /contra o amor, que a amada/ não tenha havido jamais.» É uma das Canções a Guiomar.
in Prólogo
António Machado. Antologia Poética. Selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento.2ª Edição, Edições Cotovia, 1999
De Antonio Machado a su grande y secreto amor
«Em Madrid, o poeta e Pilar de Valderrama começam por encontrar-se nos jardins da Moncloa e depois num café de bairro, modesto e retirado, onde uma vez por semana nos víamos. […] Fora daquele modesto café não nos víamos nunca, segundo palavras escritas por Pilar de Valderrama.»
«Em Madrid, o poeta e Pilar de Valderrama começam por encontrar-se nos jardins da Moncloa e depois num café de bairro, modesto e retirado, onde uma vez por semana nos víamos. […] Fora daquele modesto café não nos víamos nunca, segundo palavras escritas por Pilar de Valderrama.»
Subscrever:
Mensagens (Atom)