'' (…) A moda é o Pessoa, coitado: dá para tudo;
e a culpa é dele, com aquela comovente
incapacidade para ser ele próprio.
De nada lhe serviu ter dito e redito
que a fama era para as actrizes.
Que vocação de carneiro têm as maiorias:
não há fúfia universitária ou machão
fardado que não diga que a pátria
é a língua ou a puta que os pariu.
(…)
Coitado, pensava ter tempo para pôr ordem
na arca, mas a morte veio antes da hora. ''
Eugénio de Andrade, “A Vitorino Nemésio, alguns anos depois”, 1983 (Ostinato Rigore/ Epitáfios, 1984)
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