ALEGORIA
Em Inhaminga, meu amor,
estão as armas apontadas para o céu
mas só há pássaros.
E como as armas pensam no canudo do seu cérebro
que as aves são inofensivos passarinhos
estes aproveitam a confusão
dos pára-quedistas já cansados.
Por isso cada pássaro que voa pelo céu
(luminoso como uma palavra boa)
deixa cair melancolicamente
o seu depósito de agradecimento
sobre as armas
e a estupidez dos generais.
Vorazmente, meu amor,
o destino da terra passa
e cria-se entre o ventre das armas
e o círculo da esquadrilha voadora
o futuro desta terra
que alarga e fermenta.
Tudo isto em Inhaminga,
com o tamanho deste país,
meu amor.
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Heliodoro Baptista
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