«Ai!,
os meus estão privados da única luz que os alumiava, só lágrimas lhes restam,
e chorar é o único uso que faço deles, desde que soube que te havias decidido
a um afastamento tão insuportável que me matará em pouco tempo.
Parece-me, no entanto, que até ao sofrimento, de que és a única causa, já vou
tendo afeição. Mal te vi a minha vida foi tua, e chego a ter prazer em
sacrificar-ta. Mil vezes ao dia os meus suspiros vão ao teu encontro,
procuram-te por toda a parte e, em troca de tanto desassossego, só me trazem
sinais da minha má sorte, que cruelmente não me consente qualquer engano e
me diz a todo o momento: Cessa, pobre Mariana, cessa de te mortificar em
vão, e de procurar um amante que não voltarás a ver, que atravessou mares
para te fugir, que está em França rodeado de prazeres, que não pensa um só
instante nas tuas mágoas, que dispensa todo este arrebatamento e nem sequer
sabe agradecer-to.»
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