ETRA (reflectindo) - Talvez haja momentos em que as coisas se soltam da mentira, como os frutos se desprendem do ramos que os sustinha. E vão rolando até ao sol, no meio da estrada, sob os olhares de todos. E não há nisso acção de deuses nem de humanos, mas tão-só a passagem da própria natureza. E uma vez caído o fruto, nunca mais ninguém conseguirá uni-lo à árvore. (Para Helena) A partir do instante em que eu to diga, tudo será diferente. Queres saber?
Hélia Correia. O Rancor. Exercício sobre Helena. Relógio D'Água Editores, Lisboa, 2000., p. 80/1