(Zoiá)
Nos princípios de Dezembro de 1941, na aldeia de
Petrishchev, perto de Verei, os alemães executaram uma
jovem do Komsomól, conhecida pelo nome de Tatiána.
Verificou-se mais tarde que se tratava de Zoyá
Kosmogemiánskaia, estudante de Moscovo.
(Dos Jornais)
Guarda para sempre o retrato de Zoyá.
Eu certamente nunca a poderei esquecer.
Este corpo de rapariga
não está morto
nem vivo.
É Zoyá em mármore
calada, deitada na neve.
Impiedoso laço apertou o teu pescoço fino.
Um poder desconhecido no teu rosto torcido.
Assim aguardas os namorados
de belos encantos ocultos,
por dentro iluminada com o secreto fogo feminino.
Só tu não recebeste uma carta dele, noiva da neve.
Ele - num capote de soldado,
para ocidente caminha.
Talvez não longe desse lugar terrível,
Onde caíam flocos de neve no teu peito duro de rapariga.
A força e a fraqueza unem-se em ti eternamente.
Tu estás fria, e a mim a tristeza queima-me.
Não rebentes em ti, não se enraiveça em ti a maternidade,
O terno companheiro de infância não tocou no teu ventre
frio de criança.
Tu jazes na neve.
Oh, como agora voltaste para nós,
Para orgulhosamente inclinarmos os nossos belos rostos puros
Ante a armadura do herói,
ante a dura, ferrugenta couraça,
Ante a sagrada beatitude da campa do guerreiro.
A figura da nossa amada, símbolo da verdade e da força.
Para que a nossa felicidade seja alta como a tua morte.
Pela tua campa gravada na neve,
Para Ocidente, para Ocidente! -
marcham,
resolutas,
as tropas.
Margarita Aliger. Antologia da Poesia Soviética. Trad. de Manuel Seabra. Editorial Futura, Lisboa, 1973, p. 130/1