« Não tendo mais ninguém a quem dar ordens, Simone Lampo adquirira o hábito de dar ordens a si próprio. E dava ordens de chicote na mão:
-Simone, para aqui! Simone, para ali!
Impunha-se de propósito, por despeito do seu estado, as tarefas mais ingratas. Fingia por vezes revoltar-se para se obrigar a obedecer, representando ao mesmo tempo os dois papéis da comédia. Dizia, por exemplo, enfurecido:
- Não quero fazer isso!
-Simone, dou-te uma carga de pau. Já te disse, recolhe aquele estrume! Ah, não?
Pum! Aplicava em si mesmo uma valentíssima bofetada. E recolhia o estrume.»
Luigi Pirandello. Contos Escolhidos. Prefácio do Prof. Ricardo Averini. Selecção e tradução de Carmen Gonzalez. Editorial Verbo, Lisboa, 1972.,p. 113
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