Meço cada Pena que encontro
Com um Olhar agudo, perscrutante -
Pergunto se é tão pesada como a que Eu tenho -
Ou se é mais Cómoda de transportar.
Pergunto se a suportam há muito tempo -
Ou se acabam de a ter -
A minha não sei dizer a sua Data -
Tão antiga me parece ser -
Pergunto se lhes dói viver assim -
E se para isso se esforçam -
E se - no caso em que pudessem escolher -
Não lhes seria preferível - morrer -
Vejo que Alguns - que demasiado sofreram -
Enfim recuperam o sorriso -
Imitando o Candeeiro
Que gasta o último Petróleo -
Pergunto-me, com o amontoar dos Anos -
Alguns Milhares - sobre o Mal -
Que tão cedo os atingiu - não poderia
Esse lapso de tempo servir-lhes de Bálsamo -
Ou se continuariam a sofrer mesmo assim
Durante Séculos de Coragem -
Iniciados numa Dor mais ampla -
Em contraste com o Amor -
Os Aflitos - são muitos - dizem-me -
Diversas são as Causas -
A Morte - apenas uma - e só chega uma vez -
E limita-se a fechar os olhos -
Há a Aflição da Carência - a Aflição do Frio -
Aquilo a que chamam ''Desespero'' -
Há um Exílio loge dos Olhos nativos -
À vista do Ar Natal -
E embora não lhe possa adivinhar a natureza -
Com exactidão - é para mim
Uma pungente Consolação
À passagem do Calvário -
Notar os figurinos - da Cruz -
E a maneira como são usados -
Ficando fascinada ao ponto de notar
Que Alguns - são iguais ao Meu -
Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 69 - 71
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