«(...), todo encolhido contra o pedestal, levanta os olhos cheios de lágrimas para a imortal Divindade.
E os seus olhos dizem: - «Sou o último e o mais solitário dos homens, privado do amor e da amizade, e nisto bem inferior ao mais imperfeito dos animais. E todavia sei-me capaz, eu também, de compreender e sentir a Beleza imortal! Ah! Deusa! tende piedade da minha tristeza e do meu delírio!»
Mas a Vénus implacável olha não sei para quê de longínquo com os seus olhos de mármore.»
Charles Baudelaire. O Spleen de Paris. Pequenos poemas em prosa. Tradução de António Pinheiro Guimarães. Relógio D'Água, Lisboa, 1991.,p.24
Sem comentários:
Enviar um comentário