«O que se fez perfeito, o que está maduro - quer morrer!» dizes tu. Abençoada, abençoada seja a faca do podador! Mas tudo o que está ainda verde quer viver: ai!
A dor diz: «Morre! Vai-te, ó dor!» Mas tudo o que sofre quer viver, para amadurar, pra se alegrar e desejar,
- desejar o mais longínquo, mais alto, mais claro. «Quero herdeiros», diz tudo o que sofre, «quero filhos, não me quero a mim», -
mas a alegria não quer herdeiros nem filhos - a alegria quer-se a si mesma, quer eternidade, quer Retorno, quer Tudo-igual-a-si-mesmo.
A dor diz: «Quebra-te, sangra, coração! Anda, perna! Asa, voa! Avante! Pra o alto, Dor!» Pois bem, coragem! ó meu velho coração: A dor diz: «Passa e morre!»
F. Nietzche. Poemas. Antologia, Versão Portuguesa, Prefácio e Notas de Paulo Quintela. 2ª Edição Revista. Centelha, Coimbra, 1981,p. 273
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