Desço o Oriente até encontrar o poente do sol nos teus olhos,
bordo a febre que me habita o coração, perco os dias só neste cansaço.
[ A minha mão que escreve começou a tremer há dias...]
Descrente e enforcado no meu corpo doente,
tornei-me poeta sonâmbulo, e, aqui tenho notado que já não espero alento.
Tudo o que me rodeia entristece o meu peito, e o revólver que aperto entre os dedos
é um desassossego dentro do meu monólogo de acesos tambores
espero...
por uma certa quantidade de atrito.
Ocupo-me com o absurdo das horas vagas.
Não mudo o braço direito para o meu lado esquerdo
onde o chá de barbas de milho arrefece ao pé da lareira
quase apagada - e, diz-me quem sabe, que o tempo
é uma aragem: passa e só tardiamente damos conta que passou.
Acendo o cigarro que se alimenta do fumo dessas comédias dos mortos vivos.
Oiço no café, as explosões da segunda guerra mundial, cristalizada nos olhos dentados de vazio -
negrume aflição - e, são tantas as estátuas de mármore sentadas à espera de movimento;
por dentro, quem sabe o que choram, o que dizem,
o que gritam? Sabê-lo arruinaria a minha alma cansada de aspirar cansaço...
Deito-me na nuvem da noite e finjo encontrar a luz saciada de lugares.
No estreito desfiladeiro, analiso os homens miseráveis até ao fundo
e, por isso, a minha mão que escreve começou a tremer há dias...
caiu o lenço que conhecia a lágrima de esperança.
sábado, 12 de setembro de 2009
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