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domingo, 16 de junho de 2013

 

«Sim, o tempo passa. E envelhecemos. Mas estar sentado junto de ti, sozinho contigo, em pleno coração de Londres, neste quarto iluminado pelo fogo, é tudo o que posso desejar.»

Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p.142

« (...) permaneço pouco tempo no mesmo sítio; a ninguém me ligo em particular;»
Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p.140

domingo, 28 de abril de 2013

«- A morte está entrelaçada de violetas, disse Louis. A morte, sempre a morte.»


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 113

«Não andes mais. Tudo o resto é dor e mentira. O fim é aqui.»

Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 111
« - Estas águas rumorejantes, disse Neville, sobre as quais construímos as nossas loucas plataformas, são, apesar de tudo, mais estáveis que os gritos selvagens, inconsequentes e frágeis que soltamos quando tentamos falar, quando raciocinamos e pronunciamos do género «eu sou isto...eu sou aquilo». A linguagem mente.



Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 110

segunda-feira, 8 de abril de 2013

«Nestes momentos eu não sou eu.»


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 93

«A superfície do meu espírito desliza como um pálido ribeiro reflectindo os objectos que passam.»


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 91

«Devo estender-lhe a mão; responder. Mas que resposta dar? Retrocedo com violência, sentindo escaldar o corpo desajeitado e exposto à indiferença e ao desdém dos homens, eu que imagino colunas de mármore e lagos onde as andorinhas molham as asas de ouro do outro lado do mundo.»


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 86

«Sou sucessivamente travessa, alegre, lânguida e melancólica. Tenho raízes mas flutuo.»


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 83

«É cruel o que tenho oferecer. Não posso flutuar suavemente misturando-me com as outras pessoas. Prefiro o olhar fixo dos pastores que encontro na estrada; ou o olhar das ciganas sentadas na berma da estrada, ao lado da carroça, amamentando os filhos como eu hei-de amamentar os meus. Pois em breve, no ardente meio-dia em que as abelhas zumbem à volta das malvas, o meu amor chegará. Estará parado sob o cedro. Dirá apenas uma palavra a que responderei com uma só palavra. Ofertar-lhe-ei o que cresceu dentro de mim. Terei filhos, criadas de avental, caseiros com forquilhas. Terei uma cozinha para onde vão trazer os cordeiros doentes para serem aquecidos em cestos e haverá presuntos pendurados e cebolas brilhando. Serei silenciosa como a minha mãe e de avental azul andarei pela casa fechando à chave os armários.» p. 80/1

Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 80/1

 
«Não estou sempre a entregar-me a emoções duvidosas? Sim, quando me debruço à janela e deixo cair o meu cigarro de modo a que rodopie ligeiramente até ao chão, sinto os olhos de Louis que vigiam até a queda do meu cigarro. E Louis diz: «Tudo isto tem um significado. Mas qual?» 




Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 75/6

«(servimo-nos dos nossos amigos para nos avaliarmos a nós próprios).»



Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 74

«Não somos simples, como os nossos amigos gostariam que fôssemos para irmos de encontro da necessidade que têm de nós. E, no entanto, o amor é simples.» 


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 73


«Graças a eles sou Bernard, mas também Byron, sou isto, aquilo e outra coisa.» 



Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 73


«Peço-te (no momento em que estou de costas voltado para ti) que tomes a minha vida nas tuas mãos e me digas se estou para sempre condenado a ser repelido por aqueles a quem amo.»



Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 72

«Isto ofende-te  e eu sou sensível ao teu descontentamento.»


Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 69

segunda-feira, 25 de março de 2013


«(quando se escreve nada há de mais importante que o ritmo.)»

 
Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 65
«O sol ergue-se. Raios verdes e amarelos tombaram sobre a praia dourando os flancos de barco carcomido e arrancando reflexos azul de aço aos cardos marinhos de folhas couraçadas. A luz quase trespassa as frágeis ondas que correm em leque pela praia. A jovem que ao sacudir a cabeça fizera dançar o topázio, a água-marinha, todas as jóias cor de água com cintilações de fogo, afastou os cabelos da fronte e de olhos muito abertos traçou um caminho a direito sobre as ondas.O seu brilho fremente escureceu; as ondas confundiram-se; os seus verdes abismos aprofundaram-se e escureceram, atravessados talvez por cardumes de peixes errantes. Ao recuarem depois de se desfazerem na areia, as ondas deixam na praia uma linha escura de gravetos e pedaços de cortiça, ciscos de palha e pequenos ramos, como se uma frágil chalupa tivesse naufragado e rompido o casco e o seu marinheiro houvesse nadado para a praia e escalado a falésia deixando a sua leve carga ser arrastada pela corrente.
  
     No jardim, os pássaros que na madrugada cantaram ao acaso, espasmodicamente na penumbra de uma árvore, de um silvado,cantavam agora em coro, em sons nítidos e estridentes, ora juntos como se estivessem conscientes da presença dos seus companheiros, ora solitários, como se se dirigissem ao pálido azul do céu. Voaram todos ao mesmo tempo quando o gato preto se movimentou ao longo dos arbustos e a cozinheira os assustou lançando mais cinzas para o monte. Havia medo no seu canto e suspeita de dor e também a alegria que tem de ser arrancada a cada instante. Depois cantaram todos ao desafio no ar límpido da manhã, voando muito por sobre os olmos, perseguindo-se, escapando-se, bicando-se, volteando no espaço. Em seguida, cansados de se perseguirem, cansados de voar, desceram graciosamenre, baixaram delicadamente, pousaram silenciosos nas árvores, nos muros, com os olhos brilhantes à espreita, as cabeças voltando-se para aqui e para acolá, atentos, despertos, intensamente conscientes de qualquer coisa, de um objecto particular.
    Talvez fosse uma casca de caracol erguida na relva como uma catedral cinzenta, um edifício incendiado marcado por círculos escuros na sombra verde da relva. Ou talvez  vissem o esplendor das flores formando um clarão vermelho sobre os canteiros, enquanto os espaços abertos entre os caules formavam uma série de túneis avermelhados e sombrios. Ou então fitavam as pequenas folhas brilhantes da macieira, dançando de modo contido, cintilando hirtas por entre as flores salpicadas de cor-de-rosa. Ou então viam uma gota de chuva  cair sobre a sebe e aí ficar suspensa, com a imagem de uma casa inteira contida dentro dela e olmos tão altos como torres. Ou então contemplavam o sol de frente e os seus olhos tornavam-se grãos de ouro.
   De olhos voltados para um e outro lado, desciam mais para baixo entre os ramos, nas sombrias áleas desse universo onde as folhas apodrecem e as flores caem. Depois, um deles desceu como uma flecha, num voo certeiro e bicou o corpo mole e monstruoso de um verme indefeso, bicou-o uma e outra vez e deixou-o a apodrecer. Lá em baixo,entre as raízes onde as flores sucumbem, há odores de morte e gotas no flanco intumescido das coisas inchadas. A pele dos frutos apodrecidos estala deixando escapar uma substância demasiado espessa para escorrer. As lesmas deixam atrás de si secreções amarelas e às vezes, aqui e ali, um corpo informe, como uma cabeça em cada extremidade, oscila lentamente de um lado para o outro. Os pássaros de olhos de ouro, saltando entre as folhas, observam ironicamente essa húmida podridão. De vez em quando mergulham selvaticamente a ponta do bico na mistura pegajosa.
   O sol atingiu finalmente a altura da janela, aflorou a cortina bordada a vermelho e revelou círculos e linhas. A claridade da luz nascente instalou-se no fundo do prato e o seu brilho concentrou-se no gume de uma faca. Cadeiras e armários surgiram em segundo plano, mas apesar de separados uns dos outros parecem inexplicavelmente entrelaçados.Tornaram-se mais brancas as águas do espelho na parede. No peitoril da janela a flor real recebeu a companhia de uma flor fantasma. E, no entanto, o fantasma fazia parte da flor verdadeira pois quando um botão abria, um outro botão semelhante desabrochava também na flor mais pálida do espelho.
   O vento soprou. As ondas ressoaram na praia, como guerreiros com turbantes, como homens de turbante brandindo azagaias envenenadas sobre as cabeças e precipitando-se ao encontro de rebanhos de ovelhas brancas.»
 
 
Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 60-62
«Quero também aumentar a minha valiosa colecção de observações sobre a verdadeira natureza da vida humana»



Virginia Woolf. As ondas. Tradução de Francisco Vale. Relógio D'Água., p. 56

sexta-feira, 22 de março de 2013

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