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sábado, 30 de março de 2013


«Amava-a bastante, é certo, mas ainda amava mais o meu vício, esse desejo de fugir de todos os lados à procura sei lá de quê, por estúpido orgulho, sem dúvida, por estar convencido de uma espécie de superioridade.»
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 220
 
«Tornamo-nos rapidamente velhos, e de forma irremediável. Apercebemos-nos disso pelo jeito que apanhamos de amar a nossa própria desgraça, mesmo sem querer. É que a natureza tem mais força que nós, aí está. Treina-nos um género, e depois já não vamos poder sair dele. Eu, por exemplo, tinha tomado o rumo da intranquilidade. A pouco e pouco vamos tomando o nosso papel e o nosso destino a sério, sem repararmos nisso, e depois, quando caímos em nós é demasiado tarde para mudar.
Fizemo-nos pessoas muito inquietas e, claro está. para sempre.»
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 220

Molly


«Por Molly, uma das lindas raparigas dessa casa, não tardou que eu sentisse o excepcional sentimento de confiança que entre  os seres amedrontados substitui o amor.» 
 
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 219

«Só existíamos por uma espécie de hesitação entre o idiotismo e o delírio.»

 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 217
 
«A coragem não consiste em perdoar, acho que se perdoa sempre de mais! E não serve de nada, está mais que provado.»
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 205
 
«Todos os dias temos de nos resignar a conhecer um pouco mais de nós, desde que nos falte coragem para acabar de uma vez para sempre com as nossas próprias choraminguices.»
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 198

«Por natureza somos tão fúteis, que só as distracções conseguem impedir-nos realmente de morrer.»
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 197

''incurável melancolia''

Eu sempre receara ficar mais ou menos vazio

 

«Eu sempre receara ficar mais ou menos vazio; não ter, em suma, qualquer razão séria para existir. Naquele momento, perante factos estava bastante ciente do meu zero individual. Num meio tão diferente daquele onde tinha hábitos mesquinhos, foi como se me dissolvesse instantaneamente. Sentia-me perto de já não existir, muito simplesmente. Por isso, mal me tinham deixado de falar das coisas familiares, eu descobria que nada me impediria de afundar numa espécie de irresistível tédio, numa espécie de adocicada, de assustadora catástrofe de alma. Uma aversão.»
 
 
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 197
 
«Não se julgue que é fácil adormecer quando nos pomos a duvidar de tudo; por causa daqueles tantos medos que nos meteram, principalmente.»
 
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 195

A verdade deste mundo é a morte.

 
«E o pior é pensar como vamos arranjar forças bastantes para continuar a fazer no dia seguinte o que fizemos na véspera e em tantos outros dias já passados, onde encontraremos forças para as diligências imbecis, para mil e um projectos que não conduzem a nada, essas tentativas de vencer a  pesada necessidade, tentativas que abortam sempre e todas destinadas a convencer-nos, uma vez mais, de que o destino é insuperável, que todas as noites temos de cair da muralha com a angústia de ser sempre mais precário, mais sórdido, esse dia seguinte.
   Talvez seja a idade que surge, traidora,  e nos ameaça com o pior. Em nós já não temos música suficiente para fazer dançar a vida, ora aí está. Toda a juventude foi morrer no fim do mundo, num silêncio de verdade. Para onde havemos de sair, pergunto eu, se em nós já não há uma suficiente soma de delírio? A verdade é uma agonia sem fim. A verdade deste mundo é a morte. Temos de escolher: mentir ou morrer. Eu  cá nunca pude matar-me.»
 
 
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 194/5
«Só terias como certo morrer muito estupidamente, disse a mim mesmo, como toda a gente, quero eu dizer.E ter confiança nos homens já é meia morte.»
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 174

''trovoada de folhas''

domingo, 24 de março de 2013

«É mais difícil renunciar ao amor do que à vida.»

Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 78

«As árvores cresciam na sombra e subiam ao céu para se juntarem à noite.»

Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 78

O roubo do pobre

«O roubo do pobre faz-se uma maliciosa recuperação do poder individual, está a compreender...Aonde iríamos parar? Por isso, repare bem, a repressão dos delitos insignificantes é exercida em todos os climas e com rigor extremo, não só como meio de defesa social, mas também, e acima de tudo, como aviso severo a todos os infelizes para continuarem no seu lugar e na sua casta, mansos, resignadamente satisfeitos por morrer ao longo dos séculos, e indefinidamente, de miséria e de fome...»
 
 
 
Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 75

«(...) as suas perversidades são consagradas pelas leis.»

Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 74

«A maior parte das pessoas só morre no último momento; outras começam a fazê-lo e a agarrar-se a isso com vinte anos de antecedência e às vezes mais. São os felizes do mundo.»



Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 46

Nesta profissão de sermos mortos


«Nesta profissão de sermos mortos não devemos mostrar-nos difíceis; temos de proceder como se a vida vá continuar, o mais duro é isto, esta mentira.»



Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 45

«Eu próprio cheguei a ver quatro homens, rabo incluído, a dormitar em plena água mortos de sono, até ao pescoço.»



Louis-Ferdinand Céline. Viagem ao Fim da Noite. Tradução, apresentação e notas Aníbal Fernandes, Edição Babel, 2010, Lisboa p. 45
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