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segunda-feira, 7 de novembro de 2011
domingo, 16 de outubro de 2011
«O homem é um destroço, um ser para sempre perdido nos abismos e nas ressonâncias de várias tempestades, interiores ou não, habitando numa invisível calma que nos embala, suspeita: o hábito, esse acampamento de ilusões. »
no Prefácio
Eugenio Montale. Poesia. Selecção, tradução, prefácio e notas de José Manuel de Vasconcelos. Assírio&Alvim, Lisboa, 2004., p.13
no Prefácio
Eugenio Montale. Poesia. Selecção, tradução, prefácio e notas de José Manuel de Vasconcelos. Assírio&Alvim, Lisboa, 2004., p.13
«(...), e o poema é sempre um instrumento de aproximação aos mistérios do homem, à espessura das coisas do mundo,»
no Prefácio
Eugenio Montale. Poesia. Selecção, tradução, prefácio e notas de José Manuel de Vasconcelos. Assírio&Alvim, Lisboa, 2004., p.12/3
no Prefácio
Eugenio Montale. Poesia. Selecção, tradução, prefácio e notas de José Manuel de Vasconcelos. Assírio&Alvim, Lisboa, 2004., p.12/3
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Mia vita, a te non chiedo lineamenti
fissi, volti plausibili o possessi.
Nel tuo giro inquieto ormai lo stesso
sapore han miele e assenzio.
Il cuore che ogni moto tiene a vile
raro è squassato da trasalimenti.
Così suona talvolta nel silenzio
della campagna un colpo di fucile.
Eugenio Montale in Ossi di seppia
fissi, volti plausibili o possessi.
Nel tuo giro inquieto ormai lo stesso
sapore han miele e assenzio.
Il cuore che ogni moto tiene a vile
raro è squassato da trasalimenti.
Così suona talvolta nel silenzio
della campagna un colpo di fucile.
Eugenio Montale in Ossi di seppia
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Portami il girasole ch'io lo trapianti
nel mio terreno bruciato dal salino,
e mostri tutto il giorno agli azzurri specchianti
del cielo l'ansietà del suo volto giallino.
Tendono alla chiarità le cose oscure,
si esauriscono i corpi in un fluire
di tinte: queste in musiche.
Svanire è dunque la ventura delle venture.
Eugenio Montale in Ossi di seppia
nel mio terreno bruciato dal salino,
e mostri tutto il giorno agli azzurri specchianti
del cielo l'ansietà del suo volto giallino.
Tendono alla chiarità le cose oscure,
si esauriscono i corpi in un fluire
di tinte: queste in musiche.
Svanire è dunque la ventura delle venture.
Eugenio Montale in Ossi di seppia
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011
NON CHIEDERCI LA PAROLA
Non chiederci la parola che squadri da ogni lato
l'animo nostro informe, e a lettere di fuoco
lo dichiari e risplenda come un croco
perduto in mezzo a un polveroso prato.
Ah l'uomo che se ne va sicuro,
agli altri ed a se stesso amico,
e l'ombra sua non cura che la canicola
stampa sopra uno scalcinato muro!
Non domandarci la formula che mondi possa aprirti,
sì qualche storta sillaba e secca come un ramo.
Codesto solo oggi possiamo dirti,
ciò che non siamo, ciò che non vogliamo.
Eugenio Montale
l'animo nostro informe, e a lettere di fuoco
lo dichiari e risplenda come un croco
perduto in mezzo a un polveroso prato.
Ah l'uomo che se ne va sicuro,
agli altri ed a se stesso amico,
e l'ombra sua non cura che la canicola
stampa sopra uno scalcinato muro!
Non domandarci la formula che mondi possa aprirti,
sì qualche storta sillaba e secca come un ramo.
Codesto solo oggi possiamo dirti,
ciò che non siamo, ciò che non vogliamo.
Eugenio Montale
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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
*
Desci, dando-te o braço, pelo menos um milhão de escadas
e agora que não estás aqui há um vazio em cada degrau.
Até nisso foi breve a nossa viagem.
A minha dura ainda, e já não são necessárias
as coincidências, as reservas,
as ciladas, as vergonhas de quem acredita
que a realidade é aquilo que se vê.
Desci milhões de escadas dando-te o braço
e não porque com quatro olhos talvez se veja mais.
Contigo as desci por saber que de nós dois
as únicas pupilas verdadeiras, ainda que tão ensombradas,
eram as tuas.
*
«E o Paraíso? Existe um paraíso?»
«Creio que sim, senhora, mas os vinhos doces
já ninguém os quer».
*
Sinto remorso por ter esmagado
o mosquito na parede, a formiga
no chão.
Sinto remorso mas aqui estou vestido de escuro
para o congresso, para a recepção.
Sinto dor por tudo, até pelo hilota
que me propina conselhos de participação,
dor pelo mendigo a quem não dou esmola,
dor pelo demente que preside ao conselho
de administração.
Eugenio Montale in Dez Poetas Italianos Contemporâneos em selecção, tradução e notas de Albano Martins. Publicações Dom Quixote, 1992
Desci, dando-te o braço, pelo menos um milhão de escadas
e agora que não estás aqui há um vazio em cada degrau.
Até nisso foi breve a nossa viagem.
A minha dura ainda, e já não são necessárias
as coincidências, as reservas,
as ciladas, as vergonhas de quem acredita
que a realidade é aquilo que se vê.
Desci milhões de escadas dando-te o braço
e não porque com quatro olhos talvez se veja mais.
Contigo as desci por saber que de nós dois
as únicas pupilas verdadeiras, ainda que tão ensombradas,
eram as tuas.
*
«E o Paraíso? Existe um paraíso?»
«Creio que sim, senhora, mas os vinhos doces
já ninguém os quer».
*
Sinto remorso por ter esmagado
o mosquito na parede, a formiga
no chão.
Sinto remorso mas aqui estou vestido de escuro
para o congresso, para a recepção.
Sinto dor por tudo, até pelo hilota
que me propina conselhos de participação,
dor pelo mendigo a quem não dou esmola,
dor pelo demente que preside ao conselho
de administração.
Eugenio Montale in Dez Poetas Italianos Contemporâneos em selecção, tradução e notas de Albano Martins. Publicações Dom Quixote, 1992
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