O homem que fugiu
fugiu da leique estrada o vestiu
não sei
Acredito que era
o gémeo
de um pássaro alerta
com a cabeça
a prémio
O homem que fugiu
é meu
se alguém o pariu
devo ter sido
eu
sua amante-mãe
mulher
que inventa o que ele vê
e o fere
O homem que fugiu
ganhou ao jogo
a mão incrustada
com que rouba
o fogo
e vos rasga o sono
em tiras
para que não sonheis
mentiras”
Luiza Neto Jorge, in Poesia, 1960-1989

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