disse-me a verdade. As palavras foram escassas,
mas reconheci-a.
Percebi que deveria arranjar maneira de me levantar,
anotá-la, mas era tarde,
e eu estava estafada do dia inteiro
a trabalhar no quintal, mudando pedras de lugar.
Agora, recordo apenas o sabor:
não doce nem picante, ao jeito da comida.
Algo mais próximo de um pó fino, de poeira.
E não fiquei exultante nem assustada,
mas meramente enlevada, ciente.
Por vezes sucede assim:
aparece-nos Deus à janela,
todo ele um clarão e asas negras,
e sentimo-nos demasiado cansados para a abrir.
Dorianne Laux [EUA]
Vasco Gato. Lacre. Traduções e Versões de Poesia. 5ª Edição. Língua Morta., p. 99
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