Não existe corpo em boa forma. Existe apenas espaço,
extensão, possibilidades infindas,
o facto de podermos tocar aquele ramo de bétula ali,
apanhar da valeta o calhau branco.
O corpo doente está em toda a parte: o quarto, o pátio,
o caminho até ao poço, a casa e o céu azul-claro
estão repletos dele. O coração doente
é tão grande que tudo toca nele,
ofendendo-o e magoando-o. Um ramo de abeto que balouça
rente à vedação precipita-se e fere-te o rosto.
O vento que arremessa a vassoura de bruxa
atravessa num sopro o teu peito.
Os gritos das andorinhas atingem-te como marteladas.
A noite cai como um velho cobertor molhado sobre os teus
olhos e boca.
extensão, possibilidades infindas,
o facto de podermos tocar aquele ramo de bétula ali,
apanhar da valeta o calhau branco.
O corpo doente está em toda a parte: o quarto, o pátio,
o caminho até ao poço, a casa e o céu azul-claro
estão repletos dele. O coração doente
é tão grande que tudo toca nele,
ofendendo-o e magoando-o. Um ramo de abeto que balouça
rente à vedação precipita-se e fere-te o rosto.
O vento que arremessa a vassoura de bruxa
atravessa num sopro o teu peito.
Os gritos das andorinhas atingem-te como marteladas.
A noite cai como um velho cobertor molhado sobre os teus
olhos e boca.
Jaan Kaplinski [Estónia]
Vasco Gato. Lacre. Traduções e Versões de Poesia. 5ª Edição. Língua Morta., p. 200
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