segunda-feira, 11 de março de 2024

José Mário Branco - Poder

 Um herói

À mesura

Da sua estatura

Vai sempre à procura

Ond' inda ninguém foi


Um herói

Não descura

Um ou outro dói-dói

Uma dura aventura

Não mata mas mói


Caso venha a ser preciso

Arriscar qualquer coisinha

Na operação

Um herói no seu juízo

Leva sempre uma pilinha

Em cada mão

Com a cobertura da instituição

Mais aquilo do Deus-Pátria-Canhão

Um herói nunca se corta

Meio olho-vivo, meio mão-morta

A porta

Não importa


Um herói

Façanhudo

É de tudo capaz

Faz ao peixe miúdo

O que mais ninguém faz


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Um herói

Catrapás

Salta dos quadradinhos

Puxa os cordelinhos

E eles vêm atrás


Com algum equipamento

Assegura a quadratura

Da operação

E o simbólico instrumento

É uma armadura dura

Em cada mão

Um herói é o garante, o bastão

Dessa coisa do Deus-Pátria-Canhão

Nunca tеme, nunca se corta

Come pеixinhos da horta

Mulher morta

Não aborta


Poder

Quem o tem, tem ascendente

Poder

Quem o tem, faz-se valente

Bem usado

Mal usado

O poder é prepotente

Assim

Diz o povo amiúde

Assim

Herói era toda a gente

Mais val' rico e com saúde

Do que pobre e doente

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