''Os Bijagós - um laboratório onde se podia estudar o colonialismo
Em 1973, o etnólogo Victor Bandeira falou-me sobre os Bijagós, e sobre a sua hipotética sociedade matriarcal. Pensei imediatamente: “Tenho de ir aos Bijagós”.
Depois de 68, um tema que se discutia muito era a questão da felicidade, e se a felicidade tinha a ver com o consumo, com a possibilidade de aquisição de coisas. Como os Bijagós tinham uma cultura muito primitiva e muito pobre, fui ter com o proprietário d' O Século e disse-lhe que queria ir aos Bijagós. Ele perguntou-me o que é que eu queria ir lá fazer. “Olhe, vou à procura da felicidade”, respondi-lhe. Ele olhou para mim, não tendo percebido nada, e aconselhou-me a “ter cuidado com os tubarões”. O Século era isto. Davam-nos muito pouco dinheiro, pagavam-nos mal, mas faziam de nós uns reis. Não nos podiam tratar melhor. Davam-nos uma liberdade que eu não encontrei em mais parte nenhuma. E tinham um enorme respeito pelo nosso trabalho.''
Maria Antónia Palla
Sem comentários:
Enviar um comentário