(Depois de ter visto o filme «A ilha nua»,
de Kaneto Shindo)
animal passageiro a quem já sobra
dentro da boca o susto da viagem
tu que com cuspo aprendes a paisagem
e és o juro que a usuária cobra
animal educado a quem a dor
repete intimamente e habitua
e tão intimamente continua
a breve continência exterior
tu que passas sem pressas sem assombros
e que afogas na sede que te apressa
teu líquido senhor que pesa pesa
nos teus cristóvãos portugueses ombros
tu que com sono a glabra ilha lavras
e com o sonho avidamente a usas
na dura arquitectura das palavras
tu que tudo te dura das palavras
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