Bendito seja o fruto do teu ventre,
minha mãe
minha casa de silêncio,
erguida sobre as montanhas.
Benditos eram os dedais da tua arte, as
agulhas do teu lume,
quando bordavas com fios de prata e dor
os xailes de orações murmuradas,
de vagas entoações de búzios.
Ainda respiro na tua água,
a tua água muito de dentro,
ainda chamo por ti quando os lobos me
procuravam,
quando o terror bate nos olhos dos animais
puros.
Bendita seja a morada nossa de cada dia
e o belo pássaro do vento
que canta pela última vez nos ramos
da árvore despida.
Bendita sejas para sempre,
minha mãe das terras latas,
minha senhora de irremediável luto.
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