«sofria de doenças raras queixando-se das que conhecia e doutras que inventava jamais deixando porém de ser sincero chegaram a doer-lhe os cabelos e as unhas fechando-se no quarto durante dias seguidos às escuras onde passou em breve a ver os mortos a falar com os mortos e Goethe disse-lhe o autêntico sentido de suas últimas palavras e uma manhã ele pretendeu morrer também e o que é mais estranho morreu mesmo ficou na cama hirto de olhos fechados sem falar vieram levantá-lo mas ele não deixou e não comia nem bebia depois com tratamentos lá tentaram convencê-lo de que estava vivo e o faziam comer e o fizeram beber embora morto embora continuasse definitivamente morto um vivomorto»
Almeida Faria. Rumor Branco. Portugália Editora, Lisboa, 1962., p. 87/8