Fico caída de olhos postos no horizonte; engolida pelo calor da terra, como se, algures, a força para me levantar fosse esmorecendo. Sinto-me a abandonar o caminho. Cada dia mais só, rindo por dentro com amargura, colhendo os espinhos dessas palavras que eu vi dentro da vossa alma; se soubésseis o quanto vos esperei, e o quanto me desiludi ao ver-me, subitamente, diante o espelho que intuíra. Como me dói ter confiado na vossa mão estendida, com amizade, na pomba que lançada do vale, percorria todas as distâncias. Lá no alto, onde as nuvens se amontoam como algodão, vem, o auxílio do teu terno afago, ser, que eu nunca pude ter nos braços. Ó estrela fúnebre alumia o meu coração ferido, cansado, prestes a afundar-se no poço de águas turvas! Caminho para dentro, para o deserto. Fraca, com orgulho que fere, sentenciando uma amarga corrosão. E se a corda aperta o pescoço, devo travar as lágrimas, afastar-me da tua chama, que me queima a lucidez aos poucos. Pouco mais serei do que uma folha desprendida do galho; serei sempre a semente que o semeador quis ver morrer e, mais que isso, mágoa, enquanto em mim viver o sangue que me lançou em tão árido deserto.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
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