Era a memória ardente a inclinar-se
à giesta do tempo por frescura
mas o que em seu espelho se figura
vê que está só e a mesma dor foi dar-se
noite e dia e silente de amargura
uma saudade em febre o viu queimar-se
até vir por um ''sim'' a consolar-se
e do perdão mudo hino lhe assegura
levando imagens e sinais de vez
O olhar liberto penetrou no assento
do alto luto onde da palidez
dos invernos se erguia outro rebento
de cálices que embalam as sementes
dando ao nome louvando descendentes.
Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.113
domingo, 27 de março de 2011
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