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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016


« - Ri-te ou zanga-te; desoprime esse coração, mas ouve bem, sou eu que te falo, o gato escaldado, portanto tens o dever de o escutar. Há sete dias que te vejo andar para aí à volta do fogo de Deus, como uma borboleta noctívaga. Ora eu não quero que tu te queimes - tu, não é bem o termo -, a juventude. Tenho pena dessas faces ainda envoltas em penugem, desses lábios ainda não saciados de beijos e blasfémias, dessa alma ingénua que anda por toda a parte atrás do fogo a ver se se queima. Não, eu não permitirei que isso aconteça. Estás à beira do abismo, mas não te deixarei cair.
-Mas de que abismo?
-Do abismo de Deus.»



Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 288

«Não passava de um bruto que jamais se cansava de comer, beber e de andar abraçado a mulheres. Vendera a alma ao Diabo e o corpo andava sem dono, à rédea solta; ria-me de Deus que, para mim, não passava dum espantalho bom para meter medo aos pássaros idiotas e impedi-los de ir debicar nos jardins.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 285
«A morte é obra de Deus; o ponto onde Deus toca no Homem. Mas a decadência é uma coisa infame e pérfida;»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 284/5

domingo, 3 de janeiro de 2016


«A morte é obra de Deus; o ponto onde Deus toca no Homem.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 284/5


« O espírito é uma ave carnívora que jamais cessa de ter fome, que devora a carne e a faz desaparecer, assimilando-a.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 277

« - Foi assim que tu quebraste o meu coração, Senhor! Não quero viver mais!»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 274

sábado, 2 de janeiro de 2016

«Os seus lábios tinham-se azulado.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 268

«Mas então eu era forte. Não me vejas como sou agora, envelheci, consumi-me, estou encarquilhado como uma passa. Mas naquele tempo o meu sangue estava em ebulição, não podia ficar de braços cruzados. A oração não me acalmava o suficiente. Deitei-me ao trabalho. Fiz caminhos por onde viemos fui eu que os construí. Fi-los - era o meu ofício, para isso é que eu tinha nascido.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 267

«O seu rosto corara. Acabava de se lembrar que se libertara do mundo e sentia-se imensamente feliz.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 267

Deus é «fogo que arde».


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 266

« - Padre Pacómio, como imaginas tu Deus?
Ele olhou-me, interdito, e depois de reflectir um pouco respondeu:
-Como um pai que ama os seus filhos.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 265

«Gritavam, esganiçavam-se, mas nenhum deles conseguia convencer o outro.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 263

«Só no deserto nascem as almas selvagens e indómitas que se rebelam contra o próprio Deus, se mantém de pé perante ele, e o seu espírito brilha quase consubstanciado no de Deus. E Deus vê-os e admira-os porque neles o seu sopro não se corrompeu nem se rebaixou, tornando-se homem.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 263

« Ao romper do dia levantei-me. Tinha pressa de ir para o deserto.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 263

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015


« - Ouvir-me-ás sempre em cada uma das tuas fugas.
-Nunca fugi. Avanço por toda a parte abandonando tudo aquilo que amei e o meu coração está dilacerado.
- Até quando?
-Até atingir o cume. Lá repousarei.
-Não há cume. Há apenas altitudes. Não há repouso. Há apenas lutas. Porque arregalas os olhos de espanto? Não descobriste ainda? Julgas que eu sou a voz de Deus? Não, sou a tua própria voz. Viajo contigo, não te deixo. O céu me livre de te abandonar! Um dia em que te encolerizaste deste-me um nome e eu conservo-o porque me agrada: a minha companheira, é a Víbora.
    Calou-se. Tinha-a reconhecido e o meu coração endureceu. Porquê temê-la? Viajámos sempre juntos. Comemos e bebemos os dois nas mesas do exílio, sofremos juntos, gozámos ambos as cidades, as mulheres, as ideias. E quando carregados de despojos, cobertos de feridas regressamos à nossa confortável cela, esta víbora aferra-se em silêncio na minha cabeça, enrosca-se no meu cérebro, esparsa-se pelo meu crânio porque é lá o seu antro, e, juntos, evocamos, sem falar, tudo o que vimos, e ardemos em desejos de ver tudo o que nos falta ver.
    Sentimo-nos felizes por verificar que o mundo, visível ou invisível, é um mistério profundo, impenetrável. Profundo, incompreensível, para lá da inteligência, do desejo, da certeza. Discutimos, eu e a minha companheira, a Víbora, e rimo-nos por sermos tão cruéis, tão ternos, tão insaciáveis, rimos desta insaciabilidade e pouco nos importa saber que uma noite acabaremos por jantar um punhado de terra e ficaremos saciados.
    Que alegria, ó alma do homem, ó companheira Víbora, viver, amar a terra, olhar a morte e não ter medo!»



Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 262
« Um riso terrível rebentou à minha direita, à minha esquerda, dentro de mim.»
Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 261
« - Pensaste que era indigno ir mais além. Chamam abismo àquilo que se não pode vencer. Não há abismo, não há fim. Há apenas a alma do homem e é ela que dá o nome a todas as coisas, conforme é cobarde ou corajosa.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 261
« - Cheguei ao fim e no fim de cada caminho encontrei sempre o abismo.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 261

«Mas, de repente, o silêncio tornou-se voz e a minha alma pôs-se a tremer.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 261

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

«Cada um deles tinha pressa em falar para se sentir aliviado.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 257
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