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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Privados de luz, os homens caminham,
fortificados na sua própria sede

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

       Houve noites, em que nada disseste a ninguém, nem a ti própria. Ficaste entregue ao parapeito da janela, fixando o movimento das nuvens na madrugada. Escorriam enlutadas chamas de ti, do teu peito, e, olhavas certa a saudade. Olhavas e choravas, com a ingenuidade de uma criança.
      Não poderás esquecer (e, sempre lembrar?) o quarto de paredes frias e baças. Estavas só. Entregue à morte do teu sangue dentro ainda de um outro. E, desde então, foi como se houvesse vida numa morte. Um tronco algo queimado, onde pequenas folhas crescem com alguma timidez pelo dorso resistente. O sal que queima nos lábios, dá-te ânimo - já estiveste tão longe; não chegaste ao fim da viagem, porque as viagens não têm fim, mas são sempre os re(começados) caminhos que esperam pela luta e pelo cansaço.
        
          Pisaste (pisas?) um caminho doloroso, mas que escolheste (escolhes?). Tornaste-te mais tu própria e embora o céu te faça falta, a tua vida segue longe daquele que te cá deixou, entregue aos teus anseios e agonias.E se há dias em que o teu rosto mergulha na profundidade das mãos, sem ninguém entender razões, é porque, por alguma razão, ninguém te espera.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

No pinhal

No pinhal, uma criança corre a tirar a caruma dos púcaros de resina, mergulhando os dedos (e, depois as formigas) nas baças sombras da água.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Doente o espírito que carrega a escuridão da seara

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A quem devo pedir a dívida deste meu severo destino?


Eu que sempre fiz das leis uma ameaça e das árvores o deslumbramento divino,
avanço para a coroa de espinhos com um travo amargo, que floresce dentro de mim,
em corroída nudez.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Remexer de novo, com as carumas nos púcaros de resina. Retirar de lá o baço das imagens, o luto que não termina. Estarás sentado, aconchegado ao peito dela, a minha primeira treva? Que verás, quando na madrugada silenciosa, a minha alma vagueia, recua, até ao dia desse desmoronamento...As árvores conservam o frio; não aguentar este pulsar, este não-sentido que parece empalidecer perante ruínas. Estarás comigo, escutando-me este coração sem forças para se aguentar na haste dum tão grande cansaço sem margens? Estou só, dentro de mim mesma, entregue ao golpe incómodo desse sangue, desse rio que nunca mais regressou, e aguento todas as memórias, as misérias que corróiem este caminho para profundas distâncias. Olho-me distanciada, e vejo outra entregue ao incompreendido labor de lavar feridas na laje iluminada pela lua em carne viva. Crepita um embalo rude. Um pássaro abandona uma leve pena no parapeito. Fecho as pálpebras. Mornos fios de sal encontram os lábios. Amarga o que nos é saudade e, talvez me pese esse olhar cínzeo entregue ao lugar desconhecido que nos vigia, ao além das nuvens, que nos ensina a viver com enlutada chama. E, baixinho, muito baixinho, rastejando os pés sobre o mármore branco, volto para o meu leito. Aguento este cerrado nevoeiro e, talvez, amanhã divague por colheita tranquila. O que nos pertence? O desejar de um rio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Todo aquele que nasce nas águas do luto, pressagia a chama
a ruína oculta da palavra, que há-de buscar no deserto
o véu mais pesado dos céus
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