domingo, 11 de outubro de 2020

Adonis.

''Ali Ahmad Saïd Esber, filho de agricultores, e o mais velho de seis irmãos, nasceu em 1930, em Qassabin, uma pequena aldeia na costa da Síria, junto à cidade portuária de Lataquia. Embora o pai não pudesse dar-se ao luxo de mandá-lo para a escola, ensinou o filho a ler poesia e o Corão. Tido hoje como o mais influente poeta árabe do século XX e um dos grandes intelectuais do Médio Oriente, Ali Ahmad Saïd Esber, ou Adonis, não esquece as suas origens e disse certa vez que, se fosse obrigado a descrever-se numa só palavra, essa seria “camponês”. A humildade pode ainda servir-lhe como um eco tardio dos tempos de infância, mas se estamos a falar dele foi porque cedo mostrou uma enorme audácia e há um episódio daqueles anos que abre a sua mitologia pessoal. Tinha 14 anos quando Shukri al-Kuwatli, o primeiro presidente da recém-independente república, visitou a cidade vizinha, Jableh, e o ainda jovem poeta insistiu em declamar para ele alguns poemas que tinha escrito de propósito para a ocasião. Impressionado com o talento do rapaz, o presidente perguntou-lhe quais eram os seus planos para o futuro. “Quero ir para a escola”, foi a resposta. No espaço de uma semana, ganhou uma bolsa para estudar no liceu francês de Tartus, uma cidade portuária no centro-sul do litoral sírio. Dali passou para a Universidade de Damasco, onde estudou os filósofos alemães e, além de ter lido a poesia árabe clássica, descobriu Baudelaire e Rimbaud. ''

Adonis. A revolução de um poeta entre dois mundos. Diogo Vaz Pinto. Jornal I.

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