«E falou de outras mulheres, de corpos que se
decompõem no deserto ou que ficam fechados
em masmorras anos a fio até secarem.»


«    (...)                               Deslumbra-se
com a imagem dela reflectida no aço.»

Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 54

''Quero a tua culpa, diz.''

Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 50

22.

Agora são doze girassóis numa jarra que o
homem vê no espelho onde se fixam as
omoplatas da mulher. Tudo se passa numa
ponte, dentro de um sonho, com um moinho
parado quase submerso onde se refugiam
as aves de Verão. Apetece-lhe reviver um
crime, ressuscitá-la para de novo a matar,
para que o choro regresse com mais força,
como a chuva de Inverno a bater nas janelas,
o granizo. E anseia por vê-la um segundo,
tocá-la, mexer-lhe na testa, cruzar os dedos
nos seus cabelos e escutar-lhe novamente
os derradeiros gemidos. Como se cheirasse
um aloendro ou se deitasse para sempre num
campo de hortênsias azuis.



Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 47

20.

A mulher espreita por uma frecha,
escondida numa touca. Parece Dezembro,
pela ausência de pássaros. E diz,

venho para te misturar
aos meus ossos.

Ele estremece com estas palavras. Nunca
soubera falar para os seus lábos. Apenas
fora capaz de tocar-lhe nos ombros e feri-los,
com o mesmo ódio com que as abelhas
colhem o pólen, como uma condenação.



Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 45

«         (...)                                    Como se,
a memória da mulher não fosse mais pesada
que o seu corpo e o choro deles regressasse
como um dilúvio para sepultar os prados.»




Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 39
«Ela afasta-se como o vento quente, como
um tronco desfeito por um machado.»



Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 35
«Mas o seu olhar vive ao fundo, no lugar
deixado pelas romãs, nessa exaustão.»


Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 34
«Ele, o meu saltimbanco, tem a alma de ouro e o coração de diamante - e ri-se, ri-se, quando o vento soa como flauta do Inverno, e ao concerto das corujas e das ondas as estrelas dançam.
    A miséria anda-lhe cavando a sepultura. Um dia, abandonado da bem-amada, morrerá sem pão, sem luz, sem calor, sem orações e sem sol. E não sofrerá mais.»



Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 131

« E o seu olhar, lancinante e rápido, estava cheio das minhas agonias.»


Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 130

Dies irae

« Depois uma música, como a do Dies irae, obra dos terríveis dominicanos: um poema de morte: uma das maiores agonias da alma: música ascética e flamejante, onde a natureza aparece, trágica e desgrenhada.»




Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 111

« - Quero beber pelas tuas mãos - disse Hansi a Loulou.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 230
«A grande 'ursa' jamais saberá - dizia ela - que o prazer da inteligência, mais sujo que o do corpo, é mais puro, e o único que nunca se desfia.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 224

« - E no entanto, sou feliz. Doem-me os nervos dos olhos, mas vejo-te.
   - Sim, também me doem os olhos. Vejo-te. A única maneira de não sofrermos mais, é fazermos amor outra vez.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 217/8
«(...) sofro e já não sei o que penso.»



Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 215

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

«Perco frequentemente o gosto de viver.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 206
«Nunca sofri por amor, nunca amei, mas delirei com o tempo que me separava de ti.»



Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 206

«Quero que me conheças bem. Faço infelizes todos os que me amam. É por isso que peço o meu prazer às mulheres das quais me posso servir com indiferença.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 166
The death, then, of a beautiful woman
is, unquestionably, the most poetic topic
    in the world - and equally is the beyond
    doubt that lips best suited for such
topic are those of a bereaved lover.


Edgar Allan Poe in ''The Philosophy of Composition'' - 1846 - regarding the creation of The Raven

Aforismos

34. «Ninguém agradece o seu passado
ao leito seco do rio.»



Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 103
«Não é este eco das minhas escuras cavernas
o eco das tuas canções?»


Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 96

LONGE DE TI SEI DO TEU ROSTO

TOMASTE-ME pela mão,
levaste-me contigo
e sentaste-me no trono
diante dos homens.
Comecei a ficar tímido,
incapaz de agir,
inútil para o caminho.
Duvidava de tudo,
e discutia comigo a cada passo,
não fosse caso
que pisasse algum espinho
no favor humano.

Veio a pedrada,
soou o tambor do insulto,
e a minha cadeira
rolou humilhada no pó.
Livre por fim!
Os caminhos abertos à minha frente;
as minhas asas cheias do desejo do céu!
Vou com as estrelas errantes da meia-noite,
mergulhar na profundidade sombria!

Sou como a nuvem de verão
no meio da tempestade,
que arranca a sua coroa de oiro
e cinge o raio como uma espada,
presa pela cadeia do relâmpago!
Com que desesperada alegria
corro pelo caminho poeirento
dos desprezados,
a caminho da tua boa-vinda final!

O menino encontra a mãe
ao sair do seu ventre.
Agora que estou separado de Ti,
fora da tua casa
que bem distingo o teu rosto!






Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 67/8

AMOR QUE LIBERTA

OS QUE me amam neste mundo
fazem quanto podem para me deter;
mas TU
não procedes assim no teu amor,
que é o maior de todos,
e deixas-me livre.

Eles nunca se atrevem
a deixar-me sozinho,
com medo que os esqueça;
mas passam  dias e dias
sem que Te deixes ver.

E embora não chame por Ti
nas minhas orações,
embora não Te guarde no coração,
o teu amor
espera sempre
o meu amor.



Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 48

lousa


nome feminino
 
1. PETROLOGIA rocha metamórfica muito físsil, escura por impregnação de substâncias carbonosas
2. placa de pedra que cobre um túmulo
3. ardósia encaixilhada, móvel ou fixa à parede, usada nas escolas, e também conhecida por pedra e quadro preto
4. lájea que serve de armadilha para pássaros; lousão
5. toca de coelhos; lura


(Do latim vulgar *lausa- ou lausĭa-, «pedra chata»)
(...)

«Não sei que é isto que se agita em mim,
não sei que quer dizer isto que sinto!»


(...)

Não deixes passar as horas na sombra!
Acende a lâmpada do amor
com a tua vida!»




Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 42/3
«Tremia, era infeliz, mas tinha prazer em me oferecer a toda a desordem do mundo. Teria conseguido não sucumbir ao mal em que minha mãe me sufocava? Durante vários dias ela esteve fora de casa. Eu passava o tempo a destruir-me - ou a chorar -, a esperá-la.»





Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 149

« - Adivinho o que pensas - disse-me ainda. - Decidi não mais te poupar. Não modificarei os meus desejos. Respeitar-me-ás tal como sou: não esconderei nada de ti. Finalmente sou feliz por não me esconder de ti.»




Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 135

« - Queria - e falava-me como quem acaba de deixar à vista um veneno, depois de tomá-lo -, que me amasses até na morte. Por mim, já te amo neste momento na morte. Mas não quero o teu amor senão desde que sabes que sou repugnante e que, sabendo-o, me amas.»


Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 127
A VELHICE RENOVA O TERROR ATÉ AO INFI-
NITO. ELA FAZ REGRESSAR O SER, SEM  CESSAR,
AO PRINCÍPIO. O PRINCÍPIO QUE ENTREVEJO
À BEIRA DO TÚMULO É O PORCO, QUE NEM
A MORTE NEM O INSULTO PODEM MATAR EM MIM.
O TERROR À BEIRA DO TÚMULO É DIVINO, E EU
AFUNDO-ME NO TERROR DO QUE SOU FILHO.



Georges Bataille. História do Olho e Minha Mãe. Edição ''Livros do Brasil'', Lisboa, 1988., p. 116

«Olhar-nos-emos nos olhos
e cada um irá por seu caminho...»


Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 23
«Quero o que não tenho
e tenho o que não quero.»


Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 22

Vem ao meu lago

(...)

«Se enlouqueceste
e queres morrer,
vem, vem ao meu lago.

O meu lago é frio
e não tem fundo;
escuro como um sono
sem sonhos.
Lá em baixo,
as noites e os dias são iguais,
e toda a canção é silêncio.

Vem, vem ao meu lago,
se enlouqueceste
e queres morrer.»


Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O. 3ª edição., p. 20/1
«O amor deles é um desejo infinito,
mas não pode voar lado a lado.
Olham-se e tornam a olhar-se
através dos arames da gaiola,
mas é em vão o seu desejo.»





Rabindranath Tagore. O Coração da Primavera. Editorial A. O.  3ª edição., p. 14

domingo, 12 de fevereiro de 2012

metempsicose


nome feminino
teoria que admite a transmigração das almas, de um corpo para outro, quer de homens, quer de animais

(Do grego metempsýkhosis, «idem», pelo latim metempsychōse-, «idem»)

sábado, 11 de fevereiro de 2012


«O meu cansaço é quase uma doença.»


Adolfo Bioy Casares. A Invenção de Morel. Tradução de Miguel Serras Pereira e Maria Teresa Sá. 2ª Edição. Antígona, 2003, p. 39

«noites dolorosas de lágrimas»

Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 75

''desenhou a figura de Ofélia levada pela corrente''

Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 72

dessorar


verbo transitivo
1. converter em soro
2. aguar
3. tirar a substância a; enfraquecer
4. estragar; corromper


verbo pronominal
1. perder a substância
2. corromper-se
3. esvair-se
(De des-+sorar)

Verdi

« (...) ele sabe excitar sonoridades materiais, mas não consegue arrancar a alma do seu vestido de carne e levá-la, nua e possuída do infinito, pelas regiões das surpresas radiosas.»


Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 68

''lume santo''


(...)

«aquele sopro de que fala a Bíblia.»


Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 68

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Oh! nunca me digas que me queres muito!

   «Mas se me dizes que me queres muito, sinto que vem logo um estranho Inverno descorar-me as faces, desfolhar-me a alma de todas as emoções, e cobrir de geada todos os loucos desejos.
    Oh! nunca me digas que me queres muito




Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 52

«(...) os teus olhos húmidos, como violetas debaixo de água - »


Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 51
«(...) por fim, agitas-te, cheia de tempestades.»


Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto, p. 50
«Ainda hoje o triste anda penado nas águas escuras; e os teus olhos, ó serena rapariga, são eternamente falsos!
   Não era assim que eu pensava no tempo daqueles nossos amores, ó nome que eu não escrevo! daqueles amores tão doces como a suavidade das nossas noites de Outono - tão coloridos e vagos como aquelas nuvens, que sempre no ar andávamos formando e desmanchando.»



Eça de Queiroz. Prosas Bárbaras. Com uma introdução por Jaime Batalha Reis. Lello & Irmão Editores, Porto.

"Ayer, cuando me dormía, así te vi y te oí de pronto: desperté sobresaltado y quedé muy acongojado, pensando en ti con mucha ternura y también en mí y en cómo vamos perdiéndolo todo"....


Carta de Adolfo Bioy Casares a Elena Garro


Mi querida , aquí estoy recorriendo desorientado las tristes galerías del barco y no volví a Víctor Hugo. Sin embargo, te quiero más que a nadie... Desconsolado canto, fuera de tono, Juan Charrasqueado (pensando que no merezco esa letra, que no soy buen gallo, ni siquiera parrandero y jugador) y visito de vez en vez tu fotografía y tu firma en el pasaporte. Extraño las tardes de Víctor Hugo, el té de las seis y con adoración a Helena. Has poblado tanto mi vida en estos tiempos que si cierro los ojos y no pienso en nada aparecen tu imagen y tu voz. Ayer, cuando me dormía, así te vi y te oí de pronto: desperté sobresaltado y quedé muy acongojado, pensando en ti con mucha ternura y también en mí y en cómo vamos perdiendo todo....

Te digo esto y en seguida me asusto: en los últimos días estuviste no solamente muy tierna conmigo sino también benévola e indulgente, pero no debo irritarte con melancolía; de todos modos cuando abra el sobre de tu carta (espero, por favor que me escribas) temblaré un poco. Ojalá que no me escribas diciéndome que todo se acabó y que es inútil seguir la correspondencia... Tú sabes que hay muchas cosas que no hicimos y que nos gustaría hacer juntos. Además, recuerda lo bien que nos entendemos cuando estamos juntos... recuerda cómo nos hemos divertido, cómo nos queremos. Y si a veces me pongo un poco sentimental, no te enojes demasiado...

Me gustaría ser más inteligente o más certero, escribirte cartas maravillosas. Debo resignarme a conjugar el verbo amar, a repetir por milésima vez que nunca quise a nadie como te quiero a ti, que te admiro, que te respeto, que me gustas, que me diviertes, que me emocionas, que te adoro. Que el mundo sin ti, que ahora me toca, me deprime y que sería muy desdichado de no encontrarnos en el futuro. Te beso, mi amor, te pido perdón por mis necedades.



«(...) dar-me por morto para não morrer.»


Adolfo Bioy Casares. A Invenção de Morel. Tradução de Miguel Serras Pereira e Maria Teresa Sá. 2ª Edição. Antígona, 2003, p. 31
   « Não espero nada. O facto não é horrível. Desde que o resolvi, ganhei tranquilidade.
      Mas essa mulher deu-me uma esperança. Tenho que temer as esperanças.
      Ela olha os entardeceres todas as tardes; eu, escondido, fico a olhá-la. Ontem, e hoje outra vez, descobri que as minhas noites e dias estão à espera dessa hora. A mulher, com a sua sensualidade de cigana e com o lenço colorido grande demais, parece-me ridícula. No entanto, sinto, talvez com um pouco de humor, que se pudesse ser olhado um instante por ela, falar com ela um instante, receberia ao mesmo tempo o socorro que o homem tem nos amigos, nas noivas e nos que são do seu próprio sangue.»



Adolfo Bioy Casares. A Invenção de Morel. Tradução de Miguel Serras Pereira e Maria Teresa Sá. 2ª Edição. Antígona, 2003, p. 25/6

     «Em qualquer parte deste desgraçado mundo, quer nas classes inferiores que vegetam na pobreza e na imundície, quer nas classes superirores que cristalizam na riqueza e no tédio, todo o homem tem, ao menos uma vez na vida, um encontro que desperta nele sentimentos nunca experimentados.»


Nikolai Gógol. Almas Mortas. Círculo de Leitores, 1ª Edição, 1977, p. 97

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

concupiscência


nome feminino
1. atração pelos prazeres materiais e/ou sensuais
2. desejo sexual intenso
3. cobiça

(Do latim concupiscentĭa-, «idem»)

«-Quero fazer-me monge para fugir ao desespero.
    E contou-lhe o seu amor, dizendo que Eufrósina, a  noiva, havia desaparecido de repente, que a procurava em vão havia oito anos e que se sentia queimado, ressequido de amor e de desgosto.
    Ela respondeu-lhe com uma celeste suavidade:
    -Senhor, essa Eufrósina, cuja perda chorais tão amargamente, não merecia tanto amor. Só a vossa imaginação torna preciosas a sua beleza; na realidade, ela é vil e desprezível. O que resta do seu transitório corpo não vale um simples lamento. Julgais que vos é impossível viver sem Eufrósina e no entanto, caso a encontrásseis, nem sequer a reconheceríeis.»


Anatole France. Contos Escolhidos. Selecção, Tradução e Prefácio de Mário Braga. Companhia Editora do Minho, 1967., p. 266

«Feliz criança que foge do mundo no seu traje de inocência!»


Anatole France. Contos Escolhidos. Selecção, Tradução e Prefácio de Mário Braga. Companhia Editora do Minho, 1967., p. 264

acrimónia


nome feminino
1. sabor acre; acidez
2. figurado aspereza, azedume

(Do latim acrimonĭa-, «amargor, acidez»)
«(...) divisavam-se os ossos mais cobertos de sujidade do que carne.»


Anatole France. Contos Escolhidos. Selecção, Tradução e Prefácio de Mário Braga. Companhia Editora do Minho, 1967., p. 246
«A fome espalhava-se pelo reino e milhões de infelizes comiam pedras em vez de pão.»



Anatole France. Contos Escolhidos. Selecção, Tradução e Prefácio de Mário Braga. Companhia Editora do Minho, 1967., p. 243
«Os amorosos ardentes e os sábios austeros
Todos gostam, na idade madura,
De gatos meigos e fortes, o orgulho do lar,
Que como eles são friorentos e também sedentários.»


Charles Baudelaire
«Eis que ela languesce no seu leito virginal,
Muito pálida, envolta em finos panos.»



Anatole France. Contos Escolhidos. Selecção, Tradução e Prefácio de Mário Braga. Companhia Editora do Minho, 1967., p. 228