terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

20.

A mulher espreita por uma frecha,
escondida numa touca. Parece Dezembro,
pela ausência de pássaros. E diz,

venho para te misturar
aos meus ossos.

Ele estremece com estas palavras. Nunca
soubera falar para os seus lábos. Apenas
fora capaz de tocar-lhe nos ombros e feri-los,
com o mesmo ódio com que as abelhas
colhem o pólen, como uma condenação.



Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento. Relógio D' Água, 2012., p. 45

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