Clepsidra

Carlos de Oliveira.   Obras de Carlos de Oliveira . Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 226

   «Por um desvio semântico qualquer, que os filólogos ainda não estudaram, passámos a chamar manhã à infância das aves. De facto envelhece...

Carlos de Oliveira.   Obras de Carlos de Oliveira . Editorial Caminho, Lisboa, 1992., p. 214

«(...) jurara nunca mais comer carne, mesmo que fosse condenado toda a vida às ampolas de soro nutritivo diluídas em leite.» Carlos de Oli...

    «Os camponeses, esses, destinados às sepulturas rasas, aos estratos de mortos sobre mortos, servem-se do pinho, dos adobes (materiais p...

«(...): na madrugada, a aprendizagem da criança começa pela dor, que se desdobra sem descanso a partir de si mesma.» Carlos de Oliveira.   O...

a Jane L.    Nos umbrais desta página recebo o poema que chegou de longe, duma memória escura, voluntária, atravessando lama, sono, ol...

«Deixe-o falar. Incline a cabeça  para o lado, altere o ângulo de visão.» Carlos de Oliveira.   Obras de Carlos de Oliveira . Editorial Cami...

      «Podia ser a névoa habitual da noite, os charcos cintilantes, o luar trazido por um golpe de vento às trincheiras da Flandres, mas nã...

«Elias pega na corrente, põe-se a passá-la nos dedos e à volta do pulso. É uma cadeia delicada em forma de pulseira mas numa bela perna de ...

«Disse isto e deitou-lhe um olhar certeiro, a ver o efeito. E depois, como quem não quer a coisa: Neste momento veio-me uma à ideia que não ...

«Mena. A porta fechada e ela cá dentro a escorrer chuva. Tremulava na água, muito hirta, havia um pequeno lago aos seus pés. E no entanto en...

« - Não preciso de esmolas! - disse o vadio, com uma dignidade que o emocionou a si próprio.» Fernando Namora .  O Trigo e o Joio,  Círculo...

«Entre as pessoas letradas da vila contava-se que D.Quitéria, numa das recepções do paço episcopal, discutira em voz alta  com outra senhora...

Fernando Namora .  O Trigo e o Joio,  Círculo de Leitores., p. 41

pergunta   feita   a   uma   pessoa   com   o   objectivo   de   a   confundir   ou   embaraçar

adjectivo 1. sem sal; insosso 2. figurado que não tem graça; desenxabido (Do latim insulsu -, «insípido»)

«Cada um possuía uma intimidade de que ele era afastado. A sua alma, vazia de alegrias e sofrimentos, era afinal corroída pelo isolamento.» ...

Fernando Namora .  O Trigo e o Joio,  Círculo de Leitores., p. 33

«A tontinha da Alice estava ansiosa e fascinada. E, na verdade, seria engraçado domesticar um rato; mas que anos de paciência uma tarefa des...

nome feminino BOTÂNICA espécie de cereja miúda e desenxabida

«Todo o homem verdadeiro traz da juventude uma direcção. Depois, só lhe resta ter vergonha e manter-se-lhe fiel; ou, então, apodrecer.» Fe...

«Bem: à falta de um bom espectáculo, com o gato, o vadio pôs essa coisinha arrepiada na palma da mão e logo sentiu o quanto era excitant...

«Alice estava deitada sobre a grama, o rosto ávido apoiando-se num cotovelo, num silêncio fascinado, devorando o rato com o seu pasmo. A...

nome masculino redil que os pastores armam no campo, no Verão, para o gado pernoitar

Fernando Namora .  O Trigo e o Joio,  Círculo de Leitores., p. 29

«Barbaças sentiu fieiras de agulhas espetarem-lhe as entranhas. Estava angustiado. Aquele Loas falava de defuntos e de diabos como quem se r...

«É impressionante como o tempo nos faz compreender certas coisas, só agora é que percebo como isso já na altura me magoava, ele gostar de ...

«Mena passa a mão pela testa e pára a olhar por entre os dedos uma mancha de bolor que tinha descoberto nessa manhã a um canto do tecto. Ti...

«Três homens à roda duma mesa e uma mulher que fumava, que fuma, com aquele aspirar arrastado que tanto incomoda o chefe de brigada (den...

   «Durante semanas e semanas Mena tinha-se queimado por dentro com cigarros, tinha-se embrutecido com valium num batalhar contra as insó...

«A presa sentada em solidão, sempre mais agarrada ao seu espaço íntimo, e ele a aproximar-se atrás de cada pergunta. Como que por acaso, ...

«Elias vai em salteado (conhece os textos). Pára e treslê, no tresler é que está a leitura, é assim que ele arruma a cabecinha, e de quando...

«É dia ou noite, tanto faz. Tanto fez. E agora estão a contas com uma jovem que fuma, que se enovela em fumo, e que fala a uma distância del...

«Quando, na sua exacerbada autocrítica, ele se descreve como mesquinho,egoísta, desonesto, carente de independência, alguém cujo único obje...

"Posso passar todo o dia encostado masturbando-me na contemplação da divina palavra que escreveste, e da coisa que dizes querer fazer c...

“há relação sexual entre eles – refere Lacan -, mas marcada por uma degradação  dum carácter particular: ele evita-a com a mais viva das rep...

«Que tipo tão desprezível sou! […] Querida Nora, peço-te humildemente perdão. Toma-me novamente nos teus braços. Faz-me digno de ti” 19 d...

«Creio que estou um pouco louco. […] Num instante vejo-te como uma virgem  e no instante seguinte vejo-te desavergonhada, audaz, desnudada e...

Regressa à tu própria vida e deixa-me ir sozinho à minha ruína. Não é bom para ti viver com uma besta vil como eu, ou permitir que as minhas...

O melancólico exibe ainda uma outra coisa que está ausente no luto — uma diminuição extraordinária da sua auto-estima, um empobrecimento de ...

S. Freud : “Quando amo um outro, ele terá de algum modo de merecer o meu amor.[…] E ele merece-o se for de tal modo semelhante a mim em  asp...

7 de Setembro de 1909   “Estou todo o dia excitado. O amor é um maldito fastio, especialmente quando também está unido à luxúria. É uma pr...

«Ele avança a pouco e pouco; ainda está mergulhado na região paradisíaca dos signos subtis e clandestinos, como um predador silencioso. A d...

Por favor, escreve-me Nora querida" (29 de Agosto de 1904); "Talvez me possas enviar esta noite quatro linhas para dizer-me que m...

«Como desejo, a carta de amor aguarda resposta; impõe implicitamente ao outro uma resposta, sem a qual a sua imagem se altera, transformand...

Há uma carta que não me atrevo a ser o primeiro a escrever e porém espero que algum dia o faças. Uma carta apenas para os meus olhos. Talvez...

«(...) a esfera da criação artística ao universo da exercitação do desejo mediante um perturbante vórtice suicidário.»

És uma pessoa triste, e como eu próprio sou um tipo sumamente melancólico, presumo que o nosso amor seja ainda mais sombrio. JAMES JOYCE (...

São humanos, meus rios. A lua aberta, resignada tela. Os dedos que desfio Descidos de um terror de vidro frio Desperdícios de luz e de c...

«Sou mil milhões de partos em que me dás a Dor. O gelo dos teus actos não pode ser amor. A que reino pertenço?» Natércia Freire . A...

«Mas eu que me encontre contigo, e que eu me encontre comigo!» Natércia Freire . Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salva...

«O meu desejo é o rastro que ficou das aves, E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.»   Sophia de Mello Breyner Andresen   .  Antol...

«Então receberei no meu desejo Todo o fogo que habita na floresta»     Sophia de Mello Breyner Andresen   .  Antologia da Poesia ...

«Deixem-no sozinho, com olhos sombrios, sofrer esse instante sem sonho e sem venda.»     Maria Manuela Couto Viana  .  Antologia ...

Maria Manuela Couto Viana  .  Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado. , p. 212

(Excerto do poema) .............................................................................................................. Altas ...

«fecha os olhos a todo o sofrimento e terás feito a carne do teu verso.»                                             («Daquém e Dalém Alm...

  Ouve o grande silêncio destas horas! Tens no sorriso uma expressão magoada, tens lágrimas nos olhos e não choras!    As tuas mãos nas m...

Florbela Espanca .  Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado. , p. 167

   Abri meu coração de par em par. Dei-te um jardim de cravos e verbenas... E quis que fosses rei, e foste apenas um rei que nunca soube ...

Um dia (sei-o bem) os campos ficarão eternamente floridos (...) Mário Dionísio  in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Pres...

(...) «Minhas mãos escorregavam lentas... Tu lentamente cedias e os olhos eram poços fundos e escuros na noite que descia.» João José...

João José Cochofel  in Adolfo Casais Monteiro. A Poesia da ''Presença''. Círculo de Poesia. Moraes Editores, Lisboa, 1972., ...

E os meus olhos rasgarão a noite; E a chuva que vier ferir-se nas vidraças compreenderá, então, a sua inutilidade; E todos os sinos que ...

Algumas mulheres casam-se com casas. É outro tipo de pele, tem um coração, uma boca, um fígado e movimento de entranhas. As paredes são p...

  Why do you come here ? And why do you hang around ? I'm so sorry I'm so sorry Why do you come here When you know i...

A névoa desce sobre a terra, abraçada à noite. Vejo, imprecisamente, o casario e as luzes da outra margem do rio. Mais à direita, ao lo...

- Porque esconder as lágrimas, disfarçar a emoção que te cansa? Fútil o motivo? - Embora! Chora, poeta, chora como uma criança! S...

Viver sempre também cansa! O sol é sempre o mesmo e o céu azul, ora é azul, nitidamente azul, ora é cinzento, negro, quase verde... Mas...

Morrissey

Florbela Espanca .  Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado. , p. 164

«Talvez sejas a alma, a alma doente Dalguém que quis amar e nunca amou!» Florbela Espanca .  Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - A...

(...) «E eu oiço a Noite imensa soluçar! E eu oiço soluçar a Noite escura!      Porque és assim tão escura, assim tão                 ...