segunda-feira, 28 de setembro de 2020
17 – Como mulher hoje, o que lhe ocorre dizer de mais importante sobre os anos 50 em Lisboa ao nível da educação feminina? E da mulher intelectual e/ou artista? Gostaria que se referisse à sua experiência pessoal.
17 – Levei décadas a aperceber-me de que grande parte do meu sofrimento existencial tinha origem na educação que recebera e que essa 15 educação não fora apenas um problema meu, mas o resultado de toda uma conjuntura histórica, de todo um quadro social e sociopolítico. O sofrimento da mulher na família e na sociedade está relacionado como papel (leia-se: valor) que nela lhe é atribuído. Por outras palavras, está relacionado com o grau de independência e afirmação que lhe é concedido. Eu não rejeitei a minha condição de mulher: casei, tive uma filha, quis ter família. Mas o que acima de tudo quis foi ser uma pessoa, ser eu própria. Tive que pagar um alto preço por esta minha singularidade.
Entrevista a Ana Hatherly
Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.
domingo, 27 de setembro de 2020
Mito da perseguição do sol por Cuafu Xan Hai Quim
[b]Primeira versão da lenda[/b]:
Os chineses acreditavam que existiam dez sóis, um para cada dia da semana( a semana chinesa possuía dez dias).
Cada dia os dez sóis viajavam com sua mãe a deusa Xi-He, até o vale da luz, chegando lá, Xi-He lavava seus filhos no lago e os colocava nos ramos de uma árvore de moreira chamada Fu-Sang. Desde a árvore apenas um sol fazia a viagem, só um aparecia no céu até alcançar o monte Yen-Tzu no oeste, e depois de um dia voltava para junto dos irmãos no vale da luz, e esperavam que sua mãe Xi-He levasse o outro sol para a viagem no céu.
Cansados dessa rotina, os dez sóis decidiram aparecer todos juntos. O calor que eles formaram era tanto que transformava a vida na terra insuportável. Para prevenir a destruição da terra, o imperador Yao pediu a Di-Jun, o pai dos dez sóis, que convencesse seus filhos a aparecer apenas uma vez cada.
Eles não o escutaram, então Di-Jun mandou o arqueiro Yi, armado com um arco e dez flechas para que assustasse aos sóis desobedientes. No entanto Yi, atirou apenas nove flechas, e apenas um sol restou, o que nós conhecemos hoje, Di-Jun estava tão triste pela morte de seus filhos que condenou a Yi a viver como um mortal comum na terra.
[b]Segunda versão[/b]:
Segundo esta versão, Yi era um homem muito conhecido em seu tempo por sua inigualável destreza no manejo do arco e flecha. Em sua época apareceram dez sóis cujos raios foram letais para muitas plantas e em conseqüência disso muitos campos foram perdidos. Também, terríveis bestas pisoteavam ferozmente tudo que encontrassem em seus caminhos, estes monstros causaram imensos destroços e danos à população. Para solucionar tamanho desastre Yi pegou seu arco e disparou nove flechas com as quais derrubou os nove sóis. Depois enfrentou todos os monstros e os derrotou. Por estas valentes obras, Yi foi respeitado como um deus.
«Quando Marx e Engels aplicaram a lei da contradição inerente aos fenómenos ao estudo do processo da história da sociedade, descobriram a contradição existente entre as forças produtivas e as realações de produção, a contradição entre a classe dos exploradores e a classe dos explorados, assim como a contradição, daí resultante, entre a base económica e a superestrutura ( política, ideologia, etc.); e descobriram como essas classes contradições engendravam, inevitavelmente, diferentes espécies de revoluções sociais nas diferentes espécie de sociedade de classes.»
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 65/6
«Encarar dos fenómenos de modo unilateral e superficial é ainda subjectivismo, pois, no seu ser objectivo, os fenómenos estão de factos ligados uns aos outros e possuem leis internas; no entanto, há pessoas que, em vez de reflectirem os fenómenos tal como são, consideram-nos de modo unilateral ou superficial, desconhecendo-lhes a ligação mútua e as leis internas. Um tal método é pois subjectivo.»
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 59
Esboços Biográficos
Para Edgar Allan Poe
- Se o teu coração triste, ansiando por amor humano
Na solidão desta terra cresceu negro com pavor
De que o alto sol do céu, ele próprio, se provasse
Impotente para te salvar dessa esfera assombrada
Por onde teu espírito vagueava, ... se as flores,
Abundantes a teus pés, pareciam só florescer
Em solitários Getsemanes, em horas sem estrelas,
Abandonado à tua perdição por todos que te amavam, ...
Oh, mas acredita que, nesse vale vazio
Onde deambula a tua alma esperando alcançar
Tanto da doce graça do céu quanto seja preciso
Para lhe aliviar o fardo da dor sem remorso,
A minha alma irá encontrar-te, e abdicar do seu céu
Até que o grande amor de Deus, nos dê a ambos fé, um céu.
Sarah Helen Whitman (1803-1878) 1 1 Último soneto de uma série de quatro dos muitos poemas dedicados a Poe por Sarah Helen Whitrnan, poeta de Ridunond, a sua penúltima noiva:
TO EDGAR ALLAN POE
by: Sarah Helen Whitman (1803-1878)
- F thy sad heart, pining for human love,
- In its earth solitude grew dark with fear,
- Lest the high Sun of Heaven itself should prove
- Powerless to save from that phantasmal sphere
- Wherein thy spirit wandered, -- if the flowers
- That pressed around thy feet, seemed but to bloom
- In lone Gethsemanes, through starless hours,
- When all who loved had left thee to thy doom,--
- Oh, yet believe that in that hollow vale
- Where thy soul lingers, waiting to attain
- So much of Heaven's sweet grace as shall avail
- To lift its burden of remorseful pain,
- My soul shall meet thee, and its Heaven forego
- Till God's great love, on both, one hope, one Heaven bestow.
"To Edgar Allan Poe" is reprinted from The Little Book of American Poets: 1787-1900. Ed. Jessie B. Rittenhouse. Cambridge: Riverside Press, 1915. |
musical fandom
'' (re)afirmação e (re)apropriação incessante de estilos de vida e de práticas de musical fandom (marcas corporais, estilos de vestuário e penteados, frequência de concertos, participação em grupos de discussão e de fãs, compra de discos e outros registos fonográficos, coleção de objetos e memorabilia, acompanhamento mediático, entre outros).''
Tchiloli: uma breve história
domingo, 13 de setembro de 2020
« - Olhos de enforcado.»
Ruy Cinatti. Obra poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Biblioteca de Autores Portugueses . 1ª Edição 1992, Lisboa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda., p. 83
«Veio o sonho ajoelhar os teus joelhos,»
Ruy Cinatti. Obra poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Biblioteca de Autores Portugueses . 1ª Edição 1992, Lisboa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda., p. 81
« - Tão duros os soluços já sem lágrimas - »
Ruy Cinatti. Obra poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Biblioteca de Autores Portugueses . 1ª Edição 1992, Lisboa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda., p. 80
«Num mar mais fundo que a noite,»
Ruy Cinatti. Obra poética. Organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. Biblioteca de Autores Portugueses . 1ª Edição 1992, Lisboa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda., p. 80
«Na dinastia Tam, Vei Tchem também via o erro dum exame unilateral, quando dizia: «Quem escutar as duas partes ficará com o espírito esclarecido, quem não escutar mais do que uma permanecerá nas trevas.»
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 57''mecanismo mecanista''
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 39
«(...), tudo o que caracteriza a sociedade capitalista, quer dizer, a exploração, a concorrência, o individualismo, etc., encontrava-se de igualmente na sociedade esclavagista da antiguidade, inclusive na própria sociedade primitiva, e há-de continuar a existir de modo eterno, imutável.»
Mao Tsetung. Sobre a prática. Sobre a contradição e outros textos. Textos Políticos. 1ª Edição, 1974. Editorial Minerva., p. 38
''a palavra-etiqueta''
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 68
«Este poema respira!»
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 79
FICÇÃO E SIGNIFICAÇÃO
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 65
''É próprio da arte fingir.''
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 59
''moderna crítica estilística''
Obra Poética de Ruy Belo. Volume 3. Organização e Notas de Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença. , p. 58
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Ensaios “Guerra e fotografia” (Krieg und Lichtbild, 1930),“Sobre o perigo” (Über die Gefahr, 1931) e “Sobre a dor” (Über den Schmerz, 1934)
Cf. JÜNGER, Ernst. War and Photography. Tradução Anthony Nassar. New German Critique, n. 59, Special Issue on Ernst Junger, p. 24-26, Spring/Summer, 1993. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/488220>.