terça-feira, 1 de agosto de 2017



“Encontrava na ponta da língua as velhas palavras, tais como haviam sido escritas. Elas me ligavam aos antigos séculos onde os astros brilhavam exactamente como hoje. E este renascimento e esta permanência me davam uma impressão de eternidade. A terra parecia-me fresca tal qual nas primeiras idades e este instante se bastava. Eu estava ali, olhava as a nossos pés os tectos com telhas, banhados de luar, sem motivo, pelo prazer de os ver. Esse desinteresse tinha um encanto pungente.
– Eis o privilégio da literatura. As figuras se deformam, empalidecem. As palavras, nós levamos connosco.”


Simone de Beauvoir, no livro “A mulher desiludida”. [tradução Helena Silveira e Maryan A. Bon Barbosa]. 2ª ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.


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