segunda-feira, 15 de agosto de 2011

«Eu sabia que ela iria provavelmente ficar muito confusa e que não iria assimilar tudo de uma vez, mas também sabia que iria captar, e muito bem, o essencial. E foi exactamente isso que aconteceu. Ficou branca como um lenço branco, tentou dizer qualquer coisa, mas os lábios moviam-se penosamente; afundou-se na cadeira como se lhe tivesse caído um machado em cima. E durante todo o tempo que se seguiu, ela ouviu-se com a boca aberta e os olhos esbugalhados, estremecendo de puro terror. O cinismo, o cinismo das minhas palavras era demasiado avassalador para ela...»




Fiódor Dostoiévski. Notas do Submundo. Trad. Rosário Morais da Silva. Publicações Europa-América, Lisboa, 2007., p. 108

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