sábado, 5 de março de 2011

NÚPCIAS DE FALCÕES NA FOLHAGEM

Partimos. Vamos para o Outono,
uivando, chorando, perseguindo-nos,
dois falcões de asas desfalecidas.

Traz novos ladrões consigo Verão,
batem asas novas de falcão,
assanham-se combates de beijos.

Voamos do Verão, acossados voamos,
paramos, algures, no Outono,
penas eriçadas, com amor.

Estas as nossas últimas núpcias:
laceramos a carne um ao outro
e caímos nas folhas de Outono.



Ady Endre in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 105

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