terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A lua sobre o rio do Leste

A lua sai de dentro da montanha,
      eleva-se, devagar, sobre o portão da casa.
Mil árvores perfuram a humidade do céu,
      nuvens negras voam no espaço.
De súbito, o luar embranquece a floresta,
     a terra respira no orvalho frio.
Águas de Outono cantam nas cascatas,
     uma névoa azul paira sobre as rochas,
sombras partidas abraçam cumes vazios.
     Como num sonho, tudo é transparente, puro.
De pé, à janela, diante do rio.
     de madrugada, sonolento, sem pensar.



Clássicos Chineses. Poemas de Wang Wei. Tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Instituto Cultural de Macau, 1993, p. 63

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