quinta-feira, 18 de novembro de 2010

''Estreei-me na literatura a escrever livros para dizer que não podia escrever absolutamente nada; tivesse eu qualquer coisa para dizer ou escrever, e o meu pensamento era o que mais via recusado (...) logo [os meus livros] me pareceram, cheios de fissuras, falhas, chatezas e como que repletos de abortos espontâneos (...) sempre a viajarem ao lado do que queria dizer de essencial e enorme (...) só escrevi para dizer que nunca tinha feito nada, não podia fazer nada (...). Toda a  minha obra foi e só poderá ser construída em cima deste nada'' (1); ''(...) as poucas coisas que lhe apresentei constituem farrapos que pude reconstruir sobre o nada completo''(2)


 (1) - Artaud. ''Carta a Peter Watson'' in Eu, Antonin Artaud, Hiena ed., pp.89 e 94
 (2) - Artaud, ''Correspondance avec Jacques Rivière'', op.cit., p. 31

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