terça-feira, 13 de outubro de 2009

«O homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida, tem ao menos a felicidade de a não pensar. Viver a vida decorrentemente, exteriormente, como um gato ou um cão - assim fazem os homens gerais, e assim se deve viver a vida para que possa contar a satisfação do gato e do cão.


Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é compor. Se os homens soubessem meditar no mistério da vida, se soubessem sentir as mil complexidades que espiam a alma em cada pormenor da acção, não agiriam nunca, não viveriam até. Matar-se-iam de assustados, como os que se suicidam para não ser guilhotinados no dia seguinte.»

Fernando Pessoa
in Livro do Desassossego, 1ª parte
Livros de bolso europa-améria

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