L'important c'est d'aimer

 filme francês de Andrzej Zulawski, 1975

Romy Schneider

 «A sua grande distracção ( e bem necessária lhe era) consistia em sentir a ilusão de quera indispensável na vida dos outros. Mas às vezes, de repente, ia dar consigo sozinho.»

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 24

«Para os outros, somos namorados. Ela não está falada com outro. Eu também não.»

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 19

''nevoeiro fabril e de salitre''

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 15

Woman in the Dunes


                                           Filme japonês de 1964 dirigido por Hiroshi Teshigahar

 « Estas raparigas tiveram todas a mesma vida mais ou menos fantasiada e uma única história absolutamente verídica e a qual as levou todas a dançar na mesma sala. A história verídica é a única que vale e pode-se contar:  o primeiro homem que elas conheceram era um pulha! E cada uma teve o seu para virem juntar-se todas ali na sala das distrações, dos estranhos e do esquecimento.»


José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 14

ÀS VEZES O DIA COMEÇA À NOITE

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 14

 III 

UMA JUDITE QUE NÃO SE CHAMA ASSIM

 Era uma vez uma rapariga chamada Judite. Mas o seu nome verdadeiro não era Judite. Só às vezes, em ocasiões muito íntimas, é que ela esteve quase para dizer tudo:
  - Eu não me chamo Judite. Mas não digas nada a ninguém. O meu nome verdadeiro é...
    E calou-se.
    Judite é um nome de mulher a quem a Bíblia faz cortar a cabeça de Holofenernes. Assim são verdadeiros e garantidos. O teatro fez-lhes tragédias para ressuscitá-los.»

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 13
 «Cada um tem o destino universal de fazer consigo mesmo o modelo de mais uma estátua humana. E esta fabrica-se apenas com íntimo pessoal.
     O nosso íntimo pessoal é inatingível por outrem. E é este o fundamento de toda a humanidade, de toda a Arte e de toda a Religião. O nosso íntimo pessoal é de ordem humana, estética e sagrada. Serve apenas o próprio. É o seu único caminho. O melhor que se pode fazer em favor de qualquer é ajudá-lo a entregar-se a si mesmo. Com o seu íntimo pessoal cada um poderá estar em toda a parte, sejam quais forem as condições sociais, as mais favoráveis e as mais adversas. Sem ele, nem para fazer número se aproveita ninguém.»

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 11


                                                                 Konstantin Kalynovych

 A SOCIEDADE SÓ TEM QUE VER COM TODOS

NÃO TEM NADA QUE CHEIRAR COM CADA UM


José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 11

 «Vê-se perfeitamente que a cada um aconteceu qualquer coisa que não se passou com mais ninguém. E aconteceu-nos antes de nós termos nascido. »

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 9

 «As vacas chamam-se e os donos apelidam-se. A vaca é Pomba, Estrela, Aurora ou Vitória como uma pessoa podia ser apenas José, Maria, Luís ou Judite. É a domesticidade que leva a estas designações e para evitar o opróbrio da fria enumeração. São efeitos da gentileza com facilidades para distinguir. »

José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 9

AS PESSOAS PÕEM NOMES A TUDO

E A SI PRÓPRIAS TAMBÉM


José Almada Negreiros. Nome de Guerra. Livros RTP. Editorial Verbo. p. 9

''roupa escura / como convém a uma santa''

Alberto Pimenta. Ilhíada. Edições do Saguão., p. 20

''foi tirado do ventre da mãe já morta''

Alberto Pimenta. Ilhíada. Edições do Saguão., p. 20

''balandraus bordados que iam para lá dos refegos
de mamas e barriga, e assim cobriam e encobriam
a gravidez, seria?''

Alberto Pimenta. Ilhíada. Edições do Saguão., p. 20

Gabri Guerrero. The poetry of oblivion 2018. Handmade collage

 

 “Não posso parar de escrever. Se parasse, poderia sobrar só o vazio. Talvez tudo parasse. Portanto, não vou parar. Tenho de continuar”.

Daniel Johnston

segunda-feira, 27 de maio de 2024

 "Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca." 

Clarice Lispector, no livro “Aprendendo a viver”. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. 

"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas." Clarice Lispector 


"Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. (...) Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. (...) Pretendia apenas lhe contar o meu novo carácter, ou falta de carácter. (...) Querida, quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu... em que pese a dura comparação... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante. (...) Uma amiga, um dia desses, encheu-se de coragem, como ela disse, e me perguntou: você era muito diferente, não era? Ela disse que me achava ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou essa calma excessiva é uma atitude ou então ela mudou tanto que parece quase irreconhecível. Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de cinquenta anos. (...) o que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado. Ouça: respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver.

" Clarice Lispector, in 'Carta a Tânia [irmã de Clarice] (1947)' 



POEMA DO DESEJO


Empurra a tua espada
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo

Que eu sinta de ti
a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins

Deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas de doçura

Ó meu amor a tua língua
prende
aquilo que desprende da loucura

Maria Teresa Horta (Lisboa, 20 de Maio de 1937), escritora, jornalista e poetisa portuguesa.


Tess Parks, chanteuse de rock psychédélique originaire de Toronto au Canad

 

 Porque o olhar da dor, cintilante de 
lágrimas que cegam,
uma coisa inteira divisa em vários objectos
com as perspectivas que olhadas de frente
apenas mostram confusão,
mas quando vistas obliquamente
apresentam uma forma distinta...

Shakespeare

domingo, 26 de maio de 2024

 « o menino tonto com bigodes e cravo na botoeira, deitado a escorregar por bravata, ao côncavo da cara da Lua, ou em pé, numa das suas hastes e esbravejar despautérios...»

Gomes Leal

 


nome masculino
1.
aquele que vive só para si
2.
egoísta
3.
o que ama os prazeres solitários
4.
solteirão
''A diferença entre o remédio e o veneno é a dose.''

 «Falando aos Apóstolos, Cristo diz-lhes: « Vós sois o sal da terra» (Mat. 5:13). Mas o sal tem também um lado negativo. Associado à sede que provoca, pode significar a insaciável sede dos bens do mundo, enquanto que o seu sabor amargo ilustra o pesar, a dor, a amargura, enfim. Daí que as lágrimas, por serem salgadas, estejam associadas à imagem do mar.»

Ana Hatherly. Poesia Incurável. Aspectos da Sensibilidade Barroca. Editorial Estampa. 1ª Edição. Outubro 2023., p. 15

 


nome feminino
1.
atração pelos prazeres materiais e/ou sensuais
2.
desejo sexual intenso
3.
cobiça