quarta-feira, 7 de abril de 2021

A morte chega cedo,

 A morte chega cedo,

Pois breve é toda vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.

E a tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.

11-9-1933

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). 

 - 175.

 

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