sábado, 2 de janeiro de 2021

CANÇÃO DE MADRUGAR - CARLOS DO CARMO ( ALBÚM "CANOAS DO TEJO" 1972)


De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei…

Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei… dei…

Dei do meu corpo o chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca, nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não lucrei
Mas quis… quis…

Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Então nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem…
pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem…
feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas, nem…
forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras, nem…
choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem…
pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem…
feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas, nem mal…

Letra: Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes

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