«Como pudeste, conhecendo o meu coração e a minha ternura até ao
fundo, decidir-te a deixar-me para sempre, e a expor-me ao tormento de que
só venhas a lembrar te de mim quando me sacrificas a nova paixão?
Bem sei que te amo perdidamente; no entanto, não lamento a violência dos
impulsos do meu coração; habituei-me à sua tirania, e já não poderia viver sem
este prazer que vou descobrindo: amar-te entre tanta mágoa. O que me
desgosta e atormenta é o ódio e a aversão que ganhei a tudo. A família, os
amigos e este convento são-me insuportáveis. Tudo o que seja obrigada a ver,
tudo o que inadiavelmente tenha de fazer, me é odioso. »
Sóror Mariana Alcoforado; "Cartas Portuguesas". Europa-América, 1974.
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