De dia, sofria por não receber resposta alguma ao meu grito, sofria pelo silêncio. De noite,
o meu sofrimento faz-se mais atroz, pois o silêncio leva-me consigo ao reino do nada. De
dia, o silêncio entra na dialéctica do ser, como uma pausa ou suspensão; de noite, o silêncio
apõe ao ser a opacidade do seu nada. De dia, o Deus invocado pelo Salmista não formula a
Palavra que o Salmista espera recolher dos seus lábios: Sou Aquele que sou. De noite, pelo
encurvamento fugidio do seu Silêncio, Deus parece dizer (não o dizendo): Sou Aquele que
não Sou. O Silêncio opõe ao homem o Deus oculto. O Não-Silêncio opõe um Deus cujo
Ser só pode ser captado desde as raízes fugidias do Nada»
NEHER – El exilio de la palabra, p. 136
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