Também as minhas mãos e os meus lábios
te desejam.
E se imaginam criando em ti
um alongar dos teus nervos,
um cristalizar dos teus olhos,
um espumejar de saliva nos cantos da tua boca entreaberta,
um sibilar de língua firme contra os dentes,
um latejar de garganta e voz sem fala...
Solta a tua vida nas minhas mãos
e nos meus lábios
e vê, reflectidas no meu rosto,
as chicotadas que o teu corpo raivará.
9/7/39
Obras - Vol. 9.º. pág.63.
Jorge de Sena. Post-Scriptum II (recolha, transcrição, nota de abertura e notas de Mécio de Sena) 2.º Volume. Moraes Editores/Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1985., p. 154
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