A História com a mediação trans-temporal da Literatura, em aproximação a
Péguy
'' Então, [Péguy] instalou-se num estaminé perto da Sorbonne chamado La Quinzaine.
Uma trincheira de onde bombardeava os mestres que, do outro lado, escreviam aqueles
monumentos da História (aqueles de onde uma pessoa sai e não está em parte
nenhuma). Trava uma batalha quixotesca contra a visão dominante para [defender] a
ideia de que uma acumulação de factos não cria um sentido. Nunca criará um sentido.
O sentido tem de vir sempre de outra fonte, que não é da sequência. […]
O problema do Péguy: como é que o que nós somos, como realidade temporal, adquire
sentido? A colecção de instantes é sempre uma maneira de se ser eterno. A eternidade
não é uma coisa, um sítio final para onde tudo conflui. Ela está implicada na sucessão
de instantes. E isso, [com ele], aprendi para sempre. ''
Ribeiro, Anabela Mota, “Nonagenariamente bem, muito obrigado”, entrevista a Eduardo Lourenço e JoséAugusto França, in Público, Lisboa, 11 de Maio de 2014, sem pp, disponível em
http://www.publico.pt/portugal/noticia/nonagenariamente-bem-muito-obrigado-1635141 [Maio 2014].
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