Robert Walser e Kafka
''Os seus universos pareciam convergir de tal modo que quando Kafka publica os primeiros textos na revista Hyperion, muitos pensaram tratar-se de um pseudónimo de Walser a ponto de o editor ter que vir a público confirmar que Kafka existia mesmo. Já Walser nunca conheceu ou leu Kafka, não gostava que lhe dissessem que era admirado por este, nem que aludissem ao facto de que a sua escrita tinha admiradores e que era famoso. Tais ideias horrorizavam-no e, numa das conversas agora publicadas, Seelig escreve: “Nunca esquecerei uma manhã de Outono em que fomos a pé de Teufen a Speicher, atravessando um nevoeiro espesso como algodão. Disse-lhe que a sua obra literária duraria talvez tanto tempo como a de Gottfried Keller [escritor suíço muito admirado por RW]. Estacou de súbito e, como que preso ao chão, olhou-me com extrema gravidade. Respondeu que, se eu queria preservar a sua amizade, nunca mais lhe repetisse semelhantes elogios. Ele, Robert Walser, era um zero e queria ser esquecido.”
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