quinta-feira, 27 de junho de 2019

«Formulada por Hans-Robert Jauss, a estética da recepção surge no âmbito dos estudos literários e filológicos desenvolvidos na Escola de Constança (Alemanha), nos anos 1960. Ocupando o campo da leitura e dando continuidade à teoria hermenêutica de Hans Georg Gadamer, Jauss (1969; 1988; 1989) dá ulterior desenvolvimento à ideia de experiência estética, à qual conjuga o conceito de horizonte de expectativas, identificando, em ambos, os agentes de formação de um determinado texto ou evento artístico. Desse ponto de vista, no momento do contato com a obra (experiência estética), a reação do receptor dependerá em larga medida de seu horizonte de expectativas, ou seja, do conjunto de conhecimentos prévios (para o qual contribuem experiências estéticas anteriores) que orientarão o seu julgamento crítico. Na teoria jaussiana, portanto, o significado de uma obra literária não se esgota nas intenções autorais ou no texto, mas é dado de vez em vez pela interação entre texto-leitor, situados historicamente. Daí, a conclusão de que as transformações nos modos de percepção estética não dependem somente das obras ou do “gênio”, pois ainda que estes possam alterar um determinado paradigma artístico, a sua aceitação vai depender também do horizonte de expectativas dos receptores, sujeito a contínuas modificações. »

Paula Regina Siega

Antonio Candido, Eduardo Lourenço e Lino Micciché: a literatura brasileira no circuito da recepção externa do Cinema Novo

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