Mágicas, ainda existem
as grandes Tabacarias,
como atractivo mesteiral das artes.
- Mas são diferentes os ócios.
Não produzimos frenesins pacíficos.
Freud ensinou-nos a ciência dúplice
de preservar, vigilantes,
as almas adolescentes
permanentes
e a carne complicada de incapazes.
Estes poetas não precisam já
dos dramas do onanismo,
não se amedrontam dos seus próprios quartos.
Estes poetas não precisam já
de violoncelos.
- Nem de procissões!
nem santos, teologias,
fingimentos, Renascenças,
senhoras-mães-dependências
profissionais e mentais
da esplendorosa preguiça
que a rastos se faz enorme
presunção da burguesia
liberal, nacionalista,
de absinto, com sopeiras.
Esoterismo, o plâncton
das mansas esquizofrenias
que a natureza desculpa
com pontes de tédio alado.
A salvação, maravilha
das anarquias domésticas,
crucianas, pelos Cafés,
com verbos e metafísica.
Estes poetas já não são suicidas.
Já não se diz nem faz só por dizer-se.
A nova história será sempre a mesma,
não se provoca só por bem falar.
- Lá muito adiante a eternidade é escusa.
(E estes poetas já serão poetas?)
.... .... ... ... ... .... .... .... .... ... .... .... .... ... .... ...
Sair de casa de manhã, tratado,
já predisposto mais um dia solto,
- quanto me custa por haver emprego!
Fevereiro, 1988
Carlos Garcia de Castro. Rato do Campo. Edições Colibri, Lisboa, 1988 . p. 11/12
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