«A primeira vez que falara à actriz, pedindo-lhe aquela meia hora de colóquio, que se converteu numa noite de sensualidade e no início de um grande amor, fora movido por curiosidade cerebral, e não por desejo dos sentidos. E à actriz ele agradara pela falta de rebuscamento que ela via nas suas palavras e nos gestos de homem ordinário.
Mas o homem ordinário transformara-se nas mãos desta mulher experimentada, que lhe estimulara aptidões sopitadas, despertada talentos adormecidos, valorizara possibilidades até então latentes na sua vida incolor, entre a gentalha inútil. Ela revelara-o a si mesmo, refinando-lhe os gostos, aguçando-lhe a cerebralidade, multiplicando-lhe as exigências, escancarando-lhe os olhos sobre um mais vasto ângulo do horizonte, fazendo-lhe vibrar todo o registo fisiológico com uma inesperada variedade de sofrimentos e prazeres.»
Pitigrilli. A virgem de 18 quilates. Tradução de João Santana. 1ª Edição: Agosto de 1973, Editorial Minerva., p.16
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